“Urgente” é como define Tiago Soares de Almeida, diretor da consultora EY-Parthenon, a diversificação da economia angolana para captar investimento estrangeiro e reduzir vulnerabilidades sociais. Em 2024, 96% do Investimento Direto Estrangeiro (IDE) no país concentrou-se no setor petrolífero — um "círculo vicioso" que expõe riscos, como a alocação ineficiente de capitais e uma economia ainda dependente de commodities."
As conclusões foram apresentadas recentemente durante o Briefing Económico 2025 do Standard Bank Angola, em Luanda.
Enquanto países africanos como Nigéria e África do Sul avançam na industrialização, Angola mantém 70% da economia não petrolífera no setor agrário, com serviços e manufatura em estágio incipiente. Como consequência, as exportações diversificadas representam menos de 15% do PIB, segundo o relatório.
Angola está estagnada a décadas no círculo vicioso
Com o sector petrolífero a dominar o IDE (96% em 2024), um padrão que se repete há décadas, Angola assiste inerte a fuga de capitais, enquanto parte do investimento é expatriado em vez de financiar infraestruturas locais. Neste ritmo Angola não apenas perderá terreno a nível de desenvolvimento económico, como também estará cada vez mais vulnerável a crises globais.
Quatro pilares de mudança
Para Almeida, o futuro está em quatro pilares sendo:
* Corredor de Lobito: Integração logística para escoar minérios e produtos agrícolas para a África Austral.
* ZEE Luanda-Bengo: Zona Econômica Exclusiva pode impulsionar indústrias locais com incentivos fiscais.
* Agricultura e mineração: Apenas 20% do potencial agrícola e mineral é explorado, segundo o estudo.
* Acordos bilaterais: Tratados de tributação e investimento são essenciais para atrair empresas.
Não só de projecto ambicioso vive Angola
O País já tem projetos ambiciosos, como o Terminal Oceânico da Barra do Dande, mas precisa cortar burocracia, ou seja, "remover bottlenecks na abertura de negócios é prioritário", como diz Almeida. Precisa ainda “incentivar renováveis”: Solar e eólica são "oportunidades subestimadas" para atrair IDE. Precisa transformar o potencial demográfico (45% da população tem menos de 15 anos) em activo ou dividendo por via da qualificação técnica
Angola está na encruzilhada: ou diversifica sua economia agora, ou continuará refém da volatilidade do petróleo", alertou Almeida. O relatório sugere que, até 2030, o país pode triplicar o IDE não petrolífero — mas só se agir nos próximos 24 meses.