A Agência Internacional de Energia (AIE) prevê, através de um relatório publicado na quinta-feira, 13, que o crescimento da procura mundial de petróleo abrande nos próximos anos à medida que as transições energéticas avançam. Ao mesmo tempo, perspectiva que a produção mundial de petróleo deve aumentar, aliviando as tensões do mercado e empurrando a capacidade não utilizada para níveis nunca antes vistos fora da crise da Covid-19.
A última edição do relatório anual de mercado a médio prazo da AIE examina as implicações de longo alcance destas dinâmicas para a segurança do abastecimento de petróleo, a refinação, o comércio e o investimento.
Com base nas políticas e tendências de mercado actuais, a forte procura das economias em rápido crescimento na Ásia, bem como dos sectores da aviação e petroquímico, deverá aumentar a utilização do petróleo nos próximos anos, conclui o relatório.
“Mas esses ganhos serão cada vez mais compensados por factores como o aumento das vendas de automóveis eléctricos, melhorias na eficiência de combustível em veículos convencionais, diminuição da utilização de petróleo para geração de electricidade no Médio Oriente e mudanças económicas estruturais”, lê-se.
Como resultado, o relatório prevê da AIE que a procura global de petróleo, que incluindo os biocombustíveis foi em média pouco superior a 102 milhões de barris por dia em 2023, estabilizará perto de 106 milhões de barris por dia no final desta década.
Segundo o relatório, espera-se, paralelamente, que um aumento na capacidade global de produção de petróleo, liderado pelos Estados Unidos da América (EUA) e outros produtores nas Américas, ultrapasse o crescimento da procura entre agora e 2030.
Prevê-se, também, que a capacidade total de oferta aumente para quase 114 milhões de barris por dia até 2030, oito milhões de barris por dia acima da procura global projectada.
O relatório diz que isto resultaria em níveis de capacidade não utilizados nunca antes vistos, a não ser no auge dos confinamentos provocados pela Covid-19, em 2020, que poderia ter consequências significativas para os mercados petrolíferos – incluindo para as economias produtoras da OPEP e de outros países, bem como para para a indústria de xisto dos EUA.
A respeito, o diretor executivo da IEA, Fatih Birol, afirma explica que as projecções do relatório, baseadas nos dados mais recentes, mostram um grande excedente de oferta emergente nesta década, sugerindo que “as empresas petrolíferas cheguem a querer certificar-se de que suas estratégias e planos de negócios estão preparados para as mudanças que estão a ocorrer”.
Apesar do abrandamento do crescimento, prevê-se ainda que a procura mundial de petróleo seja 3,2 milhões de barris por dia superior em 2030 do que em 2023, a menos que sejam implementadas medidas políticas mais fortes ou mudanças de comportamento.
“O aumento deverá ser impulsionado pelas economias emergentes na Ásia – especialmente pela maior utilização de petróleo para transportes na Índia – e pela maior utilização de combustível de aviação e de matérias-primas da indústria petroquímica em expansão, nomeadamente na China”, lê-se.
Em contrapartida, diz o documento, espera-se que a procura de petróleo nas economias avançadas continue o seu declínio de décadas, caindo de perto de 46 milhões de barris por dia em 2023 para menos de 43 milhões de barris por dia em 2030.