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Energias renováveis e sustentabilidade em Angola

Moniz Sebastião
1/10/2024
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Foto:
DR

Este texto explora como Angola pode utilizar as energias renováveis para promover a sustentabilidade e o desenvolvimento económico, social e ambiental.

A energia é fundamental para a vida e o desenvolvimento das sociedades modernas, sendo essencial para processos biológicos e a operação de infra-estruturas e serviços. Em Angola, um país rico em recursos naturais como petróleo, gás natural e fontes renováveis, a energia desempenha um papel estratégico. No entanto, a dependência do petróleo torna o país vulnerável às flutuações do mercado global, destacando a necessidade de diversificar a matriz energética.

Este texto explora como Angola pode utilizar as energias renováveis para promover a sustentabilidade e o desenvolvimento económico, social e ambiental, liderando na transição energética global.

Existem diversas fontes de energias utilizadas em diversas partes do mundo que podem servir aos interesses e necessidades de Angola.

Energia Solar e Eólica

A energia solar e eólica destacam-se como alternativas promissoras para Angola devido à abundância de recursos naturais, como sol e vento. A energia solar é especialmente vantajosa em regiões remotas, onde a electrificação é limitada, contribuindo significativamente para a redução da pobreza energética (Quaschning, 2019). Embora os custos iniciais de instalação sejam elevados, o retorno a longo prazo, aliado à criação de empregos locais, pode promover o desenvolvimento sustentável. No entanto, a intermitência dessas fontes, devido à variabilidade do clima, requer investimentos em tecnologias de armazenamento e integração com outras fontes de energia.

Por outro lado, a energia eólica, sobretudo em áreas costeiras e montanhosas, apresenta-se como uma opção viável, mas enfrenta desafios como o impacto visual e os potenciais efeitos negativos sobre a avifauna (Lund & Mathiesen, 2009). Ainda assim, a sua capacidade de complementar a energia solar torna-a essencial numa matriz energética diversificada e resiliente.

Embora promovidas como soluções ecológicas, essas fontes de energia têm seus próprios problemas ambientais. A extração de minerais essenciais para a fabricação de turbinas eólicas e painéis solares em países subdesenvolvidos pode causar danos severos ao solo e à água, e, em alguns casos, envolver práticas de trabalho escravo. Além disso, o descarte de resíduos gerados por essas tecnologias, como as pás de turbinas e os painéis solares, apresenta desafios significativos, com uma grande parte acabando em aterros sanitários.

Energia Hidroelétrica

Angola já possui uma infra-estrutura considerável em energia hidroeléctrica, sendo responsável por uma parte significativa da produção energética do país. As barragens contribuem para a gestão dos recursos hídricos e controlo de cheias, além de serem fontes estáveis de energia (Gleick, 2018). No entanto, os impactos ambientais, como a destruição de ecossistemas fluviais, e os sociais, como o deslocamento de comunidades, não podem ser ignorados. A expansão dessa fonte deve ser acompanhada de rigorosas avaliações de impacto ambiental e de programas de reassentamento que respeitem os direitos das populações afectadas.

Energia Biomassa

A biomassa emerge como uma solução que poderia não apenas fornecer energia, mas também resolver problemas de gestão de resíduos em Angola. Com a crescente produção agrícola, o aproveitamento de resíduos para a geração de energia não só promove a economia circular, mas também contribui para a redução de emissões de gases de efeito estufa (Yamamoto et al., 2001). No entanto, é crucial evitar a sobrecarga na utilização dos recursos naturais e garantir que a produção de biomassa não comprometa a segurança alimentar ou leve ao desmatamento.

Energia das Marés e Ondas

Embora a tecnologia de energia das marés e ondas ainda esteja em fase de desenvolvimento, a extensa costa angolana oferece um grande potencial para a sua exploração. Esta fonte de energia pode contribuir para a diversificação da matriz energética, especialmente nas áreas costeiras, onde também pode criar empregos e impulsionar o desenvolvimento local (Pérez-Collazo et al., 2015). Contudo, é necessário um investimento considerável e a minimização dos impactos sobre os ecossistemas marinhos e as actividades pesqueiras.

Conclusão

A diversificação da matriz energética de Angola através de fontes renováveis, como a solar, eólica, hidroeléctrica e biomassa, apresenta-se como uma estratégia viável para promover o desenvolvimento sustentável. Estas fontes de energia não só reduzem a dependência de combustíveis fósseis, como também favorecem a inclusão social, a preservação ambiental e o crescimento económico. Contudo, é essencial reconhecer que as energias verdes têm impactos ambientais próprios, como a extração de minerais e a gestão inadequada de resíduos. Para alcançar um desenvolvimento sustentável real, é necessário um planeamento estratégico que inclua uma avaliação rigorosa dos impactos ambientais e a implementação de tecnologias adequadas às realidades locais, evitando a criação de novas crises ambientais e sociais.