O mercado de capitais angolano conta, desde ontem, 27, com uma boutique financeira, a primeira de cunho privado, integrada num programa sistematizado, cujo projecto contempla, igualmente, uma academia para formação em matéria de finanças.

No acto de lançamento da The Finance Boutique, Mahália Castro, fundadora e a directora-geral da consultora e responsável da academia, explicou que a iniciativa surgiu da sua experiência de quase duas décadas em consultoria financeira e do percurso de docência universitária.

“Esta iniciativa surge como uma combinação dessas duas componentes: tem a The Finance Boutique, que faz consultoria financeira e gestão de património – estamos a registar-nos enquanto gestores de património – e a Wealth Academy, uma unidade de formação profissional devidamente registada”, explicou.

Mahália Castro observou que a consultoria financeira “é ainda um segmento novo” junto da Comissão de Mercado de Capitais (CMC); e, quanto à gestão de património, disse haver significativa insuficiência de serviços especializados no mercado nacional.

“À medida que o mercado vai crescendo, há uma necessidade grande de especializarmos, de focarmos em segmentos estruturados, como é o caso da gestão de património. Há instituições, famílias, particulares que querem delegar esta componente a uma instituição, mas não há ainda nenhuma registada a nível nacional. Então, demos esse primeiro passo”, referiu.

Presente no acto de lançamento da The Finance Boutique, o secretário de Estado da Administração Pública, Domingos da Silva Filipe, enfatizou que a iniciativa vem “colmatar uma das grandes lacunas” no âmbito da formação de especialidade na área financeira e de negócios. 

“Entendemos que estas iniciativas vão, também, permitir arregimentar um conjunto de valências para o sector financeiro e a atracção da juventude, principalmente aqueles que estão à procura de oportunidades no mercado financeiro”, perspectivou o governante.

Para Elmer Serrão, PCA da Comissão do Mercado de Capitais (CMC), o mercado financeiro envolve um grau de “complexidade elevado”, daí que considere a The Finance Boutique e da Wealth Academy “bem-vindas”, por contribuírem para a profissionalização do sector e para a “construção de capacidades” das instituições.

Sublinhou que, do lado da CMC, enquanto órgão que supervisiona, regula e desenvolve o mercado de capitais no País, há “todo o gosto” que surjam academias que se dediquem às matérias do sector, que promovam a capacitação, o training, a formação profissional dos colaboradores.

“[Que se dediquem à formação] de todo o mundo que dá corpo e que trabalha para o mercado todos os dias, quer no lado dos intermediários financeiros, quer no lado dos mercados regulamentados, como é a Bolsa de Valores e Dívida de Angola; mas, também, capacitar e, de uma forma geral, divulgar a literacia financeira para o público em geral. Portanto, para nós, isso é essencial, é crítico”, realçou Elmer Serrão.