Angola é tida como uma das principais rotas de transição de espécies migratórias entre a África Austral e a África do Norte e, durante este trajecto, várias espécies de aves têm morrido por colisão com vários obstáculos, denunciou o Presidente da República.
Ao intervir, nesta quinta-feira, 30, em Luanda, na I Conferência Internacional sobre Biodiversidade e Áreas de Conservação, João Lourenço precisou que muitas espécies que sobrevoam a costa em direcção ao interior do País colidem com cabos eléctricos, painéis solares, edifícios altos e outros obstáculos.
O Chefe do Estado apelou, por isso, à realização de estudos de avaliação ambiental para evitar danos nas principais rotas de aves migratórias em Angola.
“Em função dos riscos das acções humanas e das catástrofes naturais, há a necessidade de se conhecerem melhor as rotas migratórias das espécies”, sublinhou o PR num encontro que se perspectiva colocar Angola no centro das discussões globais sobre a preservação do ambiente.
João Lourenço recordou que a migração faz parte do ciclo de vida de diversas espécies, sendo necessário que os processos biológicos da espécie se desenvolvam “sem grandes sobressaltos e armadilhas” colocadas pelo homem, mesmo que aparentemente de forma involuntária.
Na ocasião, o Chefe de Estado anunciou que o seu Executivo pretende expandir as áreas de conservação de 13% para 16%, tendo sido propostas as seguintes novas áreas: Morro do Moco, na província do Huambo; Floresta da Cumbira, no Kwanza-Sul, e Serra do Pingano, na província do Uíge.
“Ainda este ano, teremos a primeira área de conservação marinha na costa da província do Namibe, bem como a primeira reserva da biosfera, que se estenderá do Parque Nacional da Quissama ao mar”, adiantou.
Afirmou que o Governo angolano “tem dedicado esforços” para a melhoria da conservação e protecção da biodiversidade, lembrando que o Ministério do Ambiente, com o apoio do PNUD e com financiamento do Fundo Global para o Ambiente, iniciou, em 2016, a implementação do Projecto de Expansão e Fortalecimento do Sistema de Áreas Protegidas em Angola.
“Muitos esforços têm sido feitos para proteger zonas importantes de refúgios de algumas espécies raras, endémicas ou ameaçadas, como é o caso da Floresta da Damba, no Uíge, que alberga uma população importante de Pacaças, e a Floresta do Mungo, no Huambo, que recebe milhões de Falcões-Pé-Vermelho, aves que deixam as suas terras europeias e asiáticas para se instalar temporariamente em Angola”, destacou.