Donald Trump prossegue com a política migratória prometida na campanha eleitoral, e o Estado angolano, através do seu Executivo, acaba de criar uma Comissão Interministerial para acolher os angolanos que serão deportados dos Estados Unidos, apurou a revista Economia & Mercado.
No Despacho Presidencial n.º 87/25, de 11 de Março, o Chefe de Estado angolano observa que a comissão vai encarregar-se de encaminhar e realojar os cidadãos a serem reportados dos EUA nas suas respectivas províncias ou zonas de origem.
Adão de Almeida, ministro de Estado e Chefe da Casa Civil do PR, foi indicado por João Lourenço para coordenar a Comissão Interministerial, que se encarregará, dentre outras atribuições, de criar as condições administrativas e logísticas para a recepção dos cidadãos angolanos repatriados dos EUA.
A equipa, composta por nove titulares de departamentos ministeriais, incluindo os chefes dos Serviços de Inteligência Interna (SINSE) e Externa (SIE), deve, também, tratar de verificar o perfil e apurar os antecedentes criminais de cada cidadão.
No diário da República, a que a E&M teve acesso, o PR determina que a comissão seja apoiada por um Grupo Técnico, coordenado pelo secretário de Estado para o Interior, responsável pela organização, preparação, elaboração e apresentação da documentação técnica e administrativa necessária ao cumprimento das atribuições previstas no Despacho Presidencial.
João Lourenço orienta que Adão de Almeida elabore o cronograma de actividades e o plano de acção para a sua aprovação pelo Presidente da República, bem como a apresentação a este do Relatório Final da comissão no prazo de 15 dias, após o término dos trabalhos.
Em Fevereiro último, o secretário de Estado para Cooperação Internacional e Comunidades Angolanas, Domingos Vieira Lopes, informou que o Governo de Angola foi notificado do repatriamento de quatro angolanos residentes ilegalmente nos Estados Unidos, desconhecendo um suposto programa de deportação de cerca de 600 angolanos residentes naquele país.
“Normalmente, os processos de deportação obedecem a critérios bem definidos e sempre que isto ocorre há notificação. A nossa Embaixada no país é notificada, porque, nesses processos, emitimos um documento e a informação vai via Embaixada para o Ministério [das Relações Exteriores] e o Ministério, naturalmente, contacta os órgãos afins no país, no caso o SME [Serviço de Emigração e Estrangeiros]”, disse Domingos Vieira Lopes.
Em 2024, realce-se, os Estados Unidos expulsaram 119 cidadãos que residiam ilegalmente no seu território, mais 49 do que em 2023 e três vezes mais do que em 2022, noticiou a RFI.
