Zizi é como foi apelidada uma gorila que está no centro de uma odisseia na qual acabaram envolvidas, entre outras instituições, organizações ligadas à defesa do meio ambiente de três países da África Austral: Moçambique, Angola e República do Congo; mas, também, uma companhia aérea, a TAAG.
A história tem a génese em Moçambique, país de cujas autoridades interceptaram, em Julho último, um intermediário que procurava por clientes para um negócio que envolvia, justamente, a gorila de pouco menos de um ano.
Daí para frente, abriu-se, então, um movimento de causa ambiental, que desembocou numa história emocionante, à qual a TAAG, Linhas Aéreas de Angola, acabou, igualmente, associada.
Dada a falta de santuário de primatas em Moçambique, observa uma nota chegada à redacção da revista Economia & Mercado, Angola, através da sua gigante floresta do Maiombe, conhecida por ser, também, habitat natural de primatas, ficou, por conseguinte, indicada como a mais séria candidata para acolher o animal.
E como fazer chegar a gorila à densa floresta do Maiombe, em Cabinda? A vez da TAAG: longe de ser acomodada num porão, Zizi fez um trajecto internacional como que ‘passageira VIP’, ao viajar em plena cabine de uma aeronave da companhia de bandeira angolana.
Maputo-Luanda, mas, posteriormente, Luanda-Cabinda. Já na terra do petróleo, mas, também, da segunda maior floresta do mundo, a gorila fez outra viagem, desta vez, por terra, entre Cabinda e o Congo Brazzaville.
O Centro de Reabilitação de Chimpanzés de Tchimpounga, no Congo, foi o destino… provisório. É lá que Zizi se encontra para a devida recuperação da sua robustez física, porquanto, como conta, em exclusivo à E&M, o ambientalista Vladimir Russo, o animal perdeu a mãe, pelo que há que ultrapassar os “sinais evidentes de trauma físico e psicológico”.
Do conhecido membro da Fundação Kissama, também ele com ‘mãos’ nesta história de resgate, chegam boas notícias sobre a recuperação do animal: “Desde o seu resgate, Zizi tem estado estável, a comer adequadamente e a mostrar uma grande energia”.
Descreve que este “progresso tem sido inspirador”, perspectivando-se que, dentro de pelo menos mais 12 meses, a gorila esteja “adaptada e com resistência suficiente” para ser, finalmente, libertada na natureza, especificamente na floresta do Maiombe, onde é aguardada.
É isso, aliás, que esperam, expectantes, organizações como Mozambique Wildlife Alliance (MWA), Pan African Sanctuary Alliance (PASA), Centro de Reabilitação de Chimpanzés de Tchimpounga, Fundação Kissama de Angola e Instituto angolano da Biodiversidade e Áreas de Conservação para encerrarem, definitivamente com sucesso, esta odisseia à volta de Zizi.