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A teia das alterações climáticas

Sebastião Vemba
29/12/2023
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Foto:
Carlos Aguiar

O continente africano é responsável por menos de 10% das emissões globais de gases de efeito estufa, mas sofre desproporcionalmente com as alterações climáticas, segundo OMM.

Segundo a Organização Meteorológica Mundial (OMM), mais de 110 milhões de pessoas no continente foram directamente afectadas pelas condições meteorológicas, climáticas e perigos relacionados com a água em 2022, causando mais de 8,5 mil milhões de dólares em danos económicos. Foram registados 5 mil mortos no mesmo ano, sendo 48% associadas à seca e 43% a inundações.

Entre as consequências, destaca-se o aumento do deslocamento de pessoas e a migração interna. Por exemplo, a ONG Save The Children divulgou que, até final de 2022, 1,85 milhão de crianças da África Subsariana estavam deslocadas internamente, devido a choques climáticos. Comparativamente a 2021, as movimentações forçadas quase duplicaram no ano passado, com a maioria dos afectados a encontrar abrigado em campos de refugiados, com a família, ou noutros locais temporários.

Embora nos possa parecer um assunto isolado, a recente onda de chuvas ocorridas em Novembro último, um pouco por todo o território de Angola, não deixa de nos lembrar que não temos saído imunes das consequências das alterações climáticas. Aliás, a situação da seca no Sul do país é um exemplo concreto. Já em Setembro, o Instituto Nacional de Meteorologia (INAMET) apontava que o Nordeste do país, região que inclui, entre outras, a província de Luanda, iria registar, até Novembro, chuvas acima do normal, facto que se veio a confirmar. Conforme dados dos Serviços de Bombeiros, até ao final de semana de 26 de Novembro, mil 384 residências tinham sido inundadas, afectando 1.384 famílias, num conjunto de 6.920 pessoas, em todo o país.

Em resumo, não restam dúvidas de que fomos apanhados, de várias formas, na teia das alterações climáticas, o que exige, portanto, mais do que as medidas paliativas para amenizar os estragos da chuva e da seca, programas e acções multissectoriais, de carácter emergente e de longo-prazo, para garantir maior resiliência às crises que avizinham.

Leia o artigo completo na edição de Dezembro, já disponível no aplicativo E&M para Android e em login (appeconomiaemercado.com).

The web of climate change

The African continent is responsible for less than 10% of global greenhouse gas emissions, yet it disproportionately suffers from the impacts of climate change, as highlighted by the analysis conducted by the World Meteorological Organization (WMO). The WMO warns of the serious damage to food security, ecosystems, and economies of countries in Africa.

According to the same source, more than 110 million people on the continent were directly affected by weather conditions, climate events, and water-related hazards in 2022. This resulted in over $8.5 billion in economic damages. In the same year, there were 5,000 recorded deaths, with 48% attributed to drought and 43% to floods.

One of the consequences is the notable increase in displacement of people and internal migration. For instance, the NGO Save The Children reported that by the end of 2022, 1.85 million children in Sub-Saharan Africa had been internally displaced as a result of climate shocks. Compared to 2021, the number of forced movements nearly doubled last year. The majority of those affected sought shelter in refugee camps, with their families, or in other temporary locations.

Although it may seem like an isolated issue, the recent wave of rainfall in November throughout Angola serves as a reminder that we are not immune to the consequences of climate change. The situation of drought in the southern part of the country is a concrete example. In September, the National Institute of Meteorology (INAMET) already predicted above-average rainfall in the northeast region, which includes the province of Luanda, until November. This prediction was confirmed. According to data from the Fire Services, by the end of the weekend of November 26, a total of 1,384 households, affecting 1,384 families and a total of 6,920 people, had been flooded across the country.

In summary, it is undeniable that we are entangled in the web of climate change, facing its consequences in the form of increased rainfall and drought. Therefore, addressing this issue requires more than just temporary measures to alleviate the damage. It necessitates the implementation of comprehensive multi-sectoral programs and actions, both in emergency situations and in the long term, to enhance resilience and prepare for future crises.

Read the full article in the December issue, now available on the E&M app for Android and at login (appeconomiaemercado.com).