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Agressões ao ambiente colocam em risco espécies e recursos marinhos

Cláudio Gomes
16/7/2021
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Foto:
Carlos Aguiar

A “espinha dorsal” do mar, rios, lagos e lagoas corre o risco de deixar de desempenhar a sua natural função de, entre outras, conservação e reprodução das espécies e recursos marinhos.

Em Angola, cerca de 50 hectares de mangais foram devastados, indiscriminadamente, por acção humana directa e indirecta, como o derrame de consideráveis volumes de produtos químicos no alto-mar, rios, lagos e lagoas, bem como de incontáveis resíduos plásticos e destroços de alvenaria atirados algures da costa angolana, acção que coloca 80% das espécies e demais recursos em risco galopante de extinção nos seus ecossistemas.

A devastação de área de mangais comprometeu a arrecadação de cerca de 2.850.000 dólares norte-americanos por ano, conforme cálculos da Economia & Mercado, considerando que um hectare de mangais conservado é capaz de movimentar perto de 57.000 dólares por ano.

Para a engenheira de produção de petróleos Fernanda Renée Samuel, não se pode falar de preservação das espécies marinhas em Angola sem falar do estado de conservação do seu habitat. Segundo a também ambientalista, os ecossistemas de mangais que “são o berçário da vida marinha” encontram-se “extremamente devastados em toda a orla costeira angolana”, colocando em risco a sobrevivência de “várias espécies marinhas, como peixes, crustáceos, moluscos, aves e outros”.

“As consequências da devastação destes ecossistemas para a continuidade das espécies são catastróficas”, alertou, em entrevista à Economia & Mercado, a finalista do concurso “Jovens Campeões da Terra”, da ONU.

Entre as grandes agressões perpetradas pelo homem, Fernanda Renée sublinha os destroços de obras de alvenaria (entulhos), normalmente jogados nas zonas de reprodução dos mangais (construção de residências, unidades hoteleiras e de restauração), a má gestão de resíduos sólidos e águas residuais.

Dados da ONU dão conta que cada hectare de mangais conservado permitiu a produção de até 11 mil quilogramas de marisco e 4,5 mil quilogramas de pescado diverso, um vislumbre claro sobre o impacto negativo na macroeconomia dos países subdesenvolvidos.

Por exemplo, um artigo publicado em 2014 pela ONU News, que cita o Programa da ONU para o Meio Ambiente (PNUMA), indica que os mangais de Angola têm o potencial de ser um dos ecossistemas mais ricos de carbono do mundo. Quanto aos benefícios económicos e sociais, de um modo geral, o estudo lançado na Cimeira da ONU sobre Mudança Climática (COP 20) revela que os custos económicos decorrentes da destruição dos mangais ricos em carbono podem chegar a 42 mil milhões de dólares por ano.

Entre 2000 e 2010, alerta, mais de 100 milhões de toneladas de CO2 (dióxido de carbono) foram lançadas na atmosfera com a degradação e a limpeza de mais de 777 mil quilómetros quadrados de mangais nos países citados. Calcula-se, por outro lado, que, com 437 mil hectares, os benefícios dos mangais da África Central para o clima poderiam custar 66 mil milhões dólares, pelo que o Programa da ONU para o Meio Ambiente pede mais esforços para a conservação e a restauração dos mangais, fazendo-se recurso ao uso da tecnologia de satélite que pode ajudar a monitorizar as áreas afectadas.

Leia o artigo completo na edição de Julho, já disponível no aplicativo E&M para Android e em login (appeconomiaemercado.com).

Environmental degradation endangers species and marine resources

The “backbone” of the sea, rivers, lakes, and lagoons is at risk of no longer fulfilling its natural function of preserving and reproducing marine species and resources - thus putting 80% of species and other resources at increased risk of extinction in their ecosystems.

In Angola, about 50 hectares of mangroves have been indiscriminately devastated by direct and indirect human action, such as the spilling of considerable amounts of chemicals on the ocean, rivers, lakes and lagoons, as well as the dumping of plastic waste and masonry debris off the Angolan coast.

Economia & Mercado estimates that the devastation of mangrove areas compromised the influx of about $2,850,000 per year in revenue, considering that one hectare of preserved mangrove is capable of generating close to $57,000 per year.

For oil production engineer Fernanda Renée Samuel, one cannot discuss the preservation of marine species in Angola without discussing the status of their habitat. According to Fernanda, who is also an environmentalist, the mangrove ecosystems “are the nursery of marine life” and have been “extremely devastated throughout the Angolan coastline,” putting at risk the survival of “several marine species such as fish, crustaceans, mollusks, birds and others.”

“The consequences of the devastation of these ecosystems for the continuity of species are catastrophic,” the UN Young Champions of the Earth contest finalist warned during an interview with Economia & Mercado.

Among the major aggressions perpetrated by man, Fernanda Renée highlights the dumping of debris (rubble) from masonry works (construction of homes, hotels and restaurants) on mangrove reproduction areas and the poor management of solid waste and wastewater.

UN data show that each hectare of preserved mangroves enabled the production of up to 11,000 kilograms of seafood and 4.5 thousand kilograms of various fish, a clear glimpse of the negative impact on the macroeconomy of underdeveloped countries.

For example, an article published in 2014 by UN News, citing the UN Environment Program (UNEP), indicates that Angola’s mangroves have the potential to be one of the most carbon-rich ecosystems in the world. As for the overall economic and social benefits, the study released at the UN Climate Change Summit (COP 20) reveals that the economic costs from the destruction of carbon-rich mangroves could reach $42 billion per year.

Per the article, between 2000 and 2010, more than 100 million tons of CO2 (carbon dioxide) were released into the atmosphere as a result of the degradation and clearing of more than 777,000 square kilometers of mangroves in the cited countries. With an estimated 437,000 hectares of mangroves, the climate benefits for Central Africa could amount to 66 billion dollars. Therefore, the UN Environment Program calls for more efforts to preserve and restore mangroves through the use of satellite technology that can help monitor affected areas.

Read the full article in the July issue, now available on the E&M app for Android and at login (appeconomiaemercado.com).