São vários, mas o ponto positivo ou alto passível de destaque destas eleições recai no facto de todos os contendores terem descartado a possibilidade de conflito, mostrando que convergem na ideia de que Angola não pode voltar a ser palco de conflitos. Acresce a isso, o facto de todos os contendores terem mostrado alguma evolução positiva, quer no aspecto organizacional das suas máquinas, quer nos seus discursos e na forma de chegar ao povo. Saúda-se também o aparecimento de novos actores, os casos de Dinho Chingunji e de Florbela Malaquias, que surgiram com discursos interessantes e com ideia de uma Angola diferente daquela que tem sido proposta pelos já conhecidos partidos.
Mas também tivemos alguns pontos negativos, nomeadamente os discursos musculados do líder do maior partido político do país. João Lourenço chegou mesmo a dizer que no dia 24 de Agosto, após o voto no MPLA, os militantes deviam comer cabidela de galo. Pode até ser justificado como gozo e nada mais que isso, mas a verdade é que depois destas palavras, muitos foram os gestos nefastos feitos pelos seus militantes, alguns apareceram mesmo em vídeos em que faziam de matar um galo.
Neste capítulo, destaque também para a atitude menos plausível da UNITA de apelar ao “VOTOU, SENTOU”, ideia que materializa-se em votar e ficar na assembleia de voto para fiscalizar a contagem dos votos e garantir que não haja fraude. É pois, de boas intenções anda o inferno cheio, e esta é concerteza uma tão boa intenção que também pode garantir inferno, pois, o ficar na assembleia de votos é como criar ambiente perfeito para insultos e intolerância política, que facilmente podem desencadear conflitos.
A mesma UNITA protagonizou durante os últimos dias da campanha eleitoral, um verdadeiro filme quando disse, na voz do seu presidente Adalberto Costa Júnior que não aceitaria resultados que não dessem vitoria ao partido do galo negro e apelou a que o MPLA aceitasse o resultado e a consequente derrota. Duas atitudes no mínimo estranhas.
Um facto, nem positivo, nem negativo, mas curioso, foi aquele protagonizado pelo líder da UNITA, Adalberto Costa Júnior que num dos seus discursos chegou a dizer que já tinha negociado com os dirigentes do MPLA a transição governativa e portanto, essa aconteceria sem sobressaltos. O facto foi de tal forma excêntrico que levou a que alguns dos dirigentes do MPLA viessem a público, numa conferência de imprensa, dizer que “sim, houve encontro entre o MPLA e o líder da UNITA, mas que em momento algum se chegou a negociar tal questão”.
No global, apesar dos altos e baixos, o período de campanha das quintas eleições em Angola pode ser classificado como positivo. Todos os contendores chegaram às províncias e pouco ou nada se ouviu sobre desacatos ou intolerância capaz de desencadear violência. Estamos cada vez mais maduros e consequentemente mais tolerantes às opções alheias.