O país tem registado uma ligeira alteração da actividade económica, que tem tido impacto, sobretudo, na geração de empregos formais, mas é ainda insuficiente para se reverter o actual quadro de desemprego.
Essa apreciação é do director nacional para o Trabalho do Ministério da Administração Pública, Trabalho e Segurança Social (MAPTSS), António Estote, que reforça que o problema é estrutural.
“Enquanto tivermos uma economia monoprodutora e dificuldades no processo de diversificação, pois não estamos ainda a atingir os níveis desejados, naturalmente, vamos continuar a ter a estrutura que temos”, sublinhou o gestor, que falava aquando do lançamento do PODSALO, podcast que aborda o futuro do trabalho no país, lançado pelo PNUD em Angola, na semana passada, ao qual foi convidado para o primeiro episódio.
Estote lembrou que a Agenda Nacional para o Emprego prevê a redução de até 25% da taxa de desemprego até 2027, “mas os últimos dados indicam que ainda estamos acima dos 32%”.
Assim, o também economista destacou que quem gere o emprego são os privados. “O que o Estado deve fazer é criar condições para que o ambiente de negócios seja mais favorável, para surgirem empresas e haver investimento. O Governo não vai criar emprego, mas reforçar o modelo de governança do sector do Trabalho”, clareou, em declarações à imprensa.
Nesse sentido, foi constituído recentemente o Fundo Nacional para o Emprego, que é uma entidade que vai financiar os projectos públicos e privados com o potencial de gerar empregos. Criou-se também o Observatório Nacional para o Emprego, que vai monitorizar a evolução do mercado de trabalho, isto por um lado.
Por outro, esse órgão servirá para produzir informação de qualidade, para os centros de formação profissional, para o sistema nacional de ensino, permitindo que os quadros que se estão a formar actualmente estejam alinhados com as necessidades do mercado, fez saber António Estote.
Dessa forma, observou a fonte, inverter-se-á a tendência de importação de mão-de-obra especializada. Outra medida, a nível da organização do mercado de trabalho, será o Sistema Nacional de Qualificações, que “vai permitir certificar as competências que adquirimos ao longo da vida, passadas de geração em geração, no seio familiar, nas áreas como pedreira, mecânica e bate-chapa”, exemplificou.
Sobre o PODSALO, o interlocutor defendeu que a iniciativa deve ser vista no âmbito da linha orientadora para a coordenação de todos os agentes públicos e privados ligados ao sector da geração de emprego, que é um dos principais objectivos da Agenda Nacional para o Emprego.
“E este programa, esta plataforma, serve para orientar os jovens, mas identificar oportunidades para o Governo e entes privados calibrarem as suas políticas e formas de actuação no mercado”, concluiu.