Os quatro anos de governação do Presidente João Lourenço têm sido marcados, entre vários factos, pela queda contínua do preço do petróleo, a maior fonte de receitas do país, e, mais recentemente, pela Covid-19, que acelerou a deterioração das condições sociais dos angolanos, desestruturou o já frágil tecido empresarial e aumentou, de certa forma, os níveis de contestação social.
Para o director-executivo do Instituto Angolano de Sistemas Eleitorais e Democracia, Luís Jimbo, o Presidente João Lourenço inaugurou “uma nova era política e da justiça na realidade angolana, mas profundamente marcada pelo impacto da crise económica e social”, sendo que esse “cenário não permitiu que as iniciativas económicas tivessem impacto na medida em que foram desenhadas, porque João Lourenço não encontrou bases sólidas que pudessem alavancar um ambiente de negócios e nem de valores na sociedade que inspirassem a força e a energia dos jovens e das mulheres”.
Já Nelito Ekuikui, deputado à Assembleia Nacional pela UNITA (União Nacional para Independência Total de Angola), defendeu que os quatro anos de governação de João Lourenço podem ser caracterizados por dois momentos: “Um primeiro de esperança. O Presidente trazia esperança no discurso e demonstrava determinação, um discurso que fez acreditar. Condenava a corrupção e a bajulação”, o que deixou, em sua opinião, os partidos na oposição sem acção, sendo que o novo interino da Cidade Alta reunia consenso de quase todos os segmentos da sociedade e política. Entretanto, num segundo momento, de acordo com Nelito Ekuikui, João Lourenço perdeu a força, assumindo uma postura mais “cabisbaixa com discursos bastante truculentos”.
Quanto às promessas feitas aquando da campanha, Luís Jimbo e Nelito Ekuikui têm perspectivas diferentes. O primeiro entende que “a melhor promessa foi a de combate à corrupção, nepotismo e bajulação, pois ajudou a criar um ambiente de maior debate público de forma inclusiva com o cidadão comum sobre as questões da governação”. Já o segundo é de opinião que não existe melhor ou pior promessa. “É um contrato, depois basta olhar para o que foi prometido e comparar com o que foi feito. Foram prometidos 500 mil empregos, moralização da sociedade, estabilidade macroeconómica, diversificação da economia, mas, quatro anos depois, vemos que aquele programa rico não é exequível”, afirmou.
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Results below expectations
Almost four years after being elected and sworn in as President of the Republic of Angola, João Lourenço and his government face the challenge of reviewing the electoral promises and aligning the objectives to improve what is good and correct what is bad, or has worsened during his term, by 2022.
The four years that President João Lourenço has been in office have been marked, among several things, by the continuous fall of oil prices, the country’s largest source of revenue, and, more recently, by the Covid-19 pandemic, which accelerated the deterioration of social conditions, destabilized the already fragile business fabric and increased, to some extent, the levels of social protests.
For the executive director of the Angolan Electoral Systems and Democracy Institute, Mr. Luís Jimbo, President João Lourenço inaugurated “a new era of politics and justice in Angola that has been deeply affected by the economic and social crisis,” and this “scenario did not allow the economic initiatives to have the intended impact, because President João Lourenço was unable to build solid bases to promote a business environment, or social values, that could inspire the strength and energy of young people and women”.
Nelito Ekuikui, a member of parliament for UNITA (National Union for Total Independence of Angola), believes that the first four years of João Lourenço’s term can be divided into two acts. “The first one, an act of hope. Through his discourse the President gave people hope and showed determination. It was a discourse that made people believe. He condemned corruption and sycophancy”, and this caught the opposition off-guard, as the new president had the support of almost all segments of society and politics. However, in the second act, according to Nelito Ekuikui, João Lourenço lost steam and took a more “headstrong stance, with a quite truculent discourse”.
As for the promises made during the campaign, Luís Jimbo and Nelito Ekuikui have different points of view. The former believes that “the best promise was to fight corruption, nepotism, and sycophancy, because it helped to set the stage for more open and inclusive public debate with the common citizen about governing issues. Nelito Ekuikui, in turn, argues that there is no best or worst promise. “It is a contract, then you just have to look at what was promised and compare it with what has been done. We were promised 500,000 jobs, moralization of society, macroeconomic stability, diversification of the economy, and four years later, we find out that the rich program is not feasible,” he said.
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