A situação macroeconómica vigente era, de certa forma previsível, conforme abordámos na edição 219, referente ao mês de Dezembro de 2022, num artigo com o título “E Quando o Petróleo Voltar a Baixar?”, no qual prevíamos as consequências que agora estamos pontualmente a verificar.
Paralelamente a esta crise económica, derivante essencialmente da baixa do preço do petróleo, sucederam-se outras medidas com impacto igualmente significativo na realidade económica do país, com destaque para a redução dos subsídios aos combustíveis, medida que, provavelmente pelo mecanismo utilizado para a sua implementação, acentuou a instabilidade no mercado, acelerando ainda mais os sintomas que já se estavam a verificar com a descida do preço da nossa commodity principal.
Para acrescentar mais lenha na fogueira, como se diz, surgiram alguns acontecimentos insólitos como os atrasos no pagamento dos salários da Função Pública, alimentando os rumores de inexistências de recursos suficientes para fazer face às despesas essenciais do Estado, situação que porém foi justificada com um “desfasamento entre a altura da recepção das receitas fiscais e o momento em que os pagamentos são efectuados”, não estagnando ainda assim o cepticismo de especialistas na matéria, que continuam a questionar o verdadeiro motivo destes atrasos.
Contudo, as situações acima descritas não representam uma “coisa de outro mundo”, pois são bastante frequentes em países que enfrentam crises económicas acentuadas, o que normalmente demanda a adopção de políticas de austeridade, para conter as despesas públicas e aumentar as receitas, promovendo assim a estabilidade e a sustentabilidade económica.
Entretanto, no nosso caso não foi declarada a existência de uma situação alarmante ao ponto de exigir a adopção de políticas de austeridade, conforme se pode facilmente constatar nas ainda recorrentes aprovações de despesas para atender a realização de obras públicas e programas de desenvolvimento, acções típicas de um Estado em saúde económica.
Fica, assim, uma situação de pouca clareza, sem saber se de facto estamos numa situação crítica, conforme alegam os empresários e boa parte da população, ou se se trata somente de uma situação passageira que logo terá o seu desfecho, através da adopção de medidas pontuais para a devida mitigação dos efeitos. Deve-se salientar, no entanto, que a decretação de estado de crise com consequente adopção de políticas de austeridade, em muitos casos ajudou a digerir melhor as medidas pesadas do Estado com impacto no bolso dos cidadãos. Mas, aparentemente, não é o nosso caso.
Leia o artigo completo na edição de Agosto, já disponível no aplicativo E&M para Android e em login (appeconomiaemercado.com).
Austerity… Except not!
Once again, the country is faced with a delicate economic situation characterized by high exchange rate instability, rapidly rising inflation, widespread price speculation, and uncertainty created by economic operators.
This situation was somewhat predictable, as discussed in issue 219 of this magazine, published in December 2022, which featured an article titled “And What Will Happen When Oil Prices Drop?” In that rticle, we predicted the consequences that we are now seeing.
Parallel to this economic crisis, other measures were implemented that had an equally significant impact on the country's economic reality. One example is the reduction of fuel subsidies, a measure that, probably due to the mechanism used for its implementation, accentuated the instability in the market and further accelerated the symptoms that were already being seen with the fall in the price of our main commodity.
To add fuel to the fire, some unusual events arose, such as delays in the payment of Civil Service salaries, fueling rumors of a lack of sufficient resources to cover essential State expenses. However, this situation was justified with a “lag between the time of receipt of tax receipts and the time when payments are made.” Specialists in the matter continue to question the real reason for these delays.
However, the situations described above are not uncommon in countries facing severe economic crises. Such crises often demand the adoption of austerity policies to contain public expenses, increase revenues, and promote economic stability and sustainability.
In our case, however, there has been no declaration of an alarming situation that would require the adoption of austerity policies. This is evident in the still recurring approvals of expenses for public works and development programs, which are typical actions of a state in economic health.
This leaves us in a situation of little clarity. It is unclear whether we are actually in a critical situation, as claimed by businessmen and a large part of the population, or whether it is just a passing situation that will soon resolve itself through the adoption of punctual measures to mitigate its effects. It should be noted, however, that enacting a state of crisis and adopting austerity policies has, in many cases, helped citizens better digest the heavy measures of the state with an impact on their pockets. But apparently, this is not our case.
Read the full article in the August issue, now available on the E&M app for Android and at login (appeconomiaemercado.com).