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Classe média em erosão há década e meia

André Samuel
11/9/2023
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Foto:
Isidoro Suka

Pertencer à classe média é mais do que um padrão de vida, é assumir um papel económico de extrema importância.

A tese une os cientistas sociais, porém a divergência surge nos critérios de selecção, pois os indicadores, para além de subjectivos, estão “pervertidos” na percepção de alguns.

A crise económica da última década e meia desencadeou um processo de erosão a nível das classes sociais, com forte incidência para a classe média, segundo especialistas contactados pela E&M.

Embora se possa apontar o conflito civil em que o país esteve envolvido até 2002 como causa primária para as desigualdades sociais, para o sociólogo Victor Kambungo, a análise faz mais sentido tendo como ponto de partida 2009.

“Angola viveu tempos áureos com o fim da guerra civil e o processo de reconstrução nacional. As classes sociais entraram num processo de restart. As oportunidades de crescimento estavam distribuídas um pouco por todas as classes. O câmbio e a inflação pareciam dar tréguas a um povo sofredor e a um Governo em reconciliação”, contextualiza

Antes deste período, a falta de estatísticas, um problema ainda actual, não permitia identificar e quantificar as classes média e alta. O elevado nível de informalidade coloca(va) uma cortina que reduzia a nitidez do limite entre as classes.

“A miséria e a pobreza eram facilmente identificadas e estudadas, principalmente com o apoio de instituições internacionais parceiras do Estado, e pelas Organizações não-Governamentais presentes no país. Ainda hoje, os estudos continuam voltados neste sentido, o mais recente é o indicador de pobreza múltipla, divulgado pelo Instituto Nacional de Estatísticas”, aclara.

Leia o artigo completo na edição de Setembro, já disponível no aplicativo E&M para Android e em login (appeconomiaemercado.com).

Middle class in erosion for a decade and a half

Belonging to the middle class is more than a lifestyle standard; it assumes an extremely important economic role. This thesis unites social scientists, but divergence arises in the selection criteria, as indicators are not only subjective but also "perverted" in the perception of some.

The economic crisis of the last decade and a half triggered a process of erosion at the level of social classes, with a strong impact on the middle class, as observed by the experts contacted by the E&M Magazine.

Although the civil conflict and the country's involvement until 2002 can be pointed out as the primary cause for social inequalities, for sociologist Victor Kambungo, the analysis makes more sense starting from 2009.

"Angola experienced golden times with the end of the civil war and the national reconstruction process. Social classes entered a restart process. Growth opportunities were distributed among all classes. The exchange rate and inflation seemed to give respite to a suffering people and to a reconciling government," he contextualizes.

Before this period, the lack of statistics, which is still a current problem, did not allow identifying and quantifying the middle and upper classes. The high level of informality put a curtain that reduced the clarity of the boundary between classes.

"Poverty and misery were easily identified and studied, mainly with the support of international institutions that were partners of the State and the Non-Governmental Organizations present in the country. Even today, studies continue to be focused on this aspect, with the most recent being the multiple poverty indicator, released by the National Institute of Statistics," he clarifies.

Read the full article in the September issue, now available on the E&M app for Android and at login (appeconomiaemercado.com).