Não há, para já, indícios de abertura de um novo ‘irritante’ entre Bastos e Federação Angolana de Futebol (FAF). Mas o seleccionador nacional confessou, nesta segunda-feira, 24, um dia antes do importante jogo com Cabo Verde, na corrida ao Mundial 2026, que não ficou “minimamente agradado” com o facto de o veterano defesa ter sido dispensado dos Palancas e aparecer como titular no jogo de sábado, 22, da sua equipa, o Botafogo.
Questionado na conferência de imprensa sobre a presença de Bastos Quissanga na partida de pré-época do campeão em título do Brasileirão – principal prova de futebol do Brasil –, Pedro Gonçalves disse que foi com “absoluta surpresa” que tomou conhecimento da situação: “Obviamente, não podemos ficar agradados com uma situação destas”.
O treinador dos Palancas Negras recordou que, no processo que determinou a dispensa de Bastos dos confrontos contra a Líbia e Cabo Verde, de apuramento para o próximo Mundial, houve um relatório médico enviado pelo Botafogo ao departamento clínico da FAF sobre os procedimentos de recuperação por que passaria o experiente defesa.
“Óbvio que a recuperação física de um jogador não é matemática, isto é: vai ser em tal dia, [não é] exacto... mas, no mínimo, a elegância que deviam ter era, se o jogador já está recuperado, ou parcialmente recuperado, dar a conhecer. E não o fizeram. E, portanto, isso é uma postura que, obviamente, repudio. Não é essa a nossa maneira de estar”, atirou.
Ao falar à imprensa no lançamento do jogo da Selecção Nacional esta terça-feira, 25, diante de Cabo Verde, na capital angolana, Pedro Gonçalves reiterou que o que esperava era que, estando os Palancas ainda concentrados para os compromissos de apuramento para o Mundial, a FAF fosse notificada da recuperação do central de 33 anos.
“Acho que, no mínimo, a elegância devia dizer: ‘olha, há aqui um quadro evolutivo, agora, está na Data FIFA, vocês decidam o que é que entendem fazer’. Até podemos chegar à conclusão: ‘ok, olha, face a estas circunstâncias, está dispensado’”, comentou o seleccionador nacional.
Para o treinador dos Palancas Negras, esta informação prévia “é o mínimo” que o Botafogo deveria fazer no quadro das boas relações que a Federação Angolana de Futebol deseja manter com todas as instituições, federações e clubes.
“É assim que nós nos temos regido. E acho que isso orgulha todos os angolanos de serem assim. E, portanto, não fiquei minimamente agradado com a situação, evidentemente”, desabafou o treinador português que orienta há seis anos os Palancas Negras.
A Selecção Nacional defronta, nesta terça-feira, 25, no estádio 11 de Novembro, em Luanda, o combinado cabo-verdiano, para a 6.ª Jornada do Grupo D da zona africana de corrida ao Mundial das Américas, a disputar-se nos Estados Unidos, México e Canadá.
Com apenas sete pontos, razão de ser do modesto 4.º lugar que ocupa no Grupo D, não há outro resultado senão a vitória para manter Angola na rota do sonho de regresso à maior prova de futebol de selecções a nível do mundo, 19 anos após a estreia na Alemanha.
Para já, à frente do combinado que tem Pedro Gonçalves à cabeça estará uma selecção que deve ser um ‘osso duro de roer’, não sendo por acaso que comanda a série, com 10 pontos, mais um que o Senegal, mais dois que a Líbia, contra sete de Angola, quatro das Ilhas Maurícias e um de Esuatini.