1. Quando e como entra para o ‘mundo’ do Marketing?
Estava eu a fazer o Ensino Médio no Instituto de Economia de Luanda, IMEL e tinha de escolher uma área a seguir dentro do grande universo da Comunicação Social, daí tive contacto com a disciplina Assessoria de Comunicação e Imagem, na altura ministrada pelo professor Carlos Calongo. Aí mesmo me apaixonei.No decorrer do conhecimento profundo desta disciplina, descobri que era uma área muito usada pelos gestores de marketing e aí fui estudando mais do que a própria Assessoria de Imagem. Em 2016, ingresso para a Faculdade de Ciências Sociais, Universidade Agostinho Neto e apareceu-me a oportunidade de fazer um estágio profissional na área de marketing e agarrei a oportunidade.
2. Quais foram as principais dificuldades com que se debateu ao entrar para o sector?
As principais dificuldades foram de enquadramento. Na altura, a comunidade de marketing em Luanda não era assim tão grande e consistente, era muito difícil encontrar um técnico/gestor de marketing por aí, a comunidade não estava tão bem organizada e isso dificultava muito no sentido de troca de experiência, direccionamento e integração dos mais novos.
3. Estando no sector, quais os principais desafios e objectivos?
Neste momento, tendo em conta a minha observação do mercado e a pouca experiência que tenho, identifico dois desafios: A especialização dos profissionais de Marketing - é necessário que nos especializemos em áreas chaves do marketing, não podemos ser todos designers e fotógrafos, por exemplo, pois existem outros temas dentro do marketing que requerem uma especialização muito direccionada. As empresas e os empresários angolanos em si ainda têm um certo preconceito em trabalhar com equipas totalmente nacionais - isso tem sido um desafio dentro da classe (eu pelo menos sinto isso), porque exige um duplo esforço no sentido de provarmos todos os dias que somos capazes de assumir responsabilidades e dar resposta tal como qualquer outro profissional da área. Reconheço que temos ainda muitas limitações, mas existe uma visível evolução dos profissionais nacionais dentro desta indústria e isso deve ser reconhecido e valorizado.
4. Como caracteriza o mercado nacional de marketing?
É um mercado em ascensão e com forte potencial.
5. Pode-se dizer que temos um mercado apetecível?
Temos, sim! Muito apetecível e que cresce todos os dias. O mercado de Marketing em Angola está a evoluir com o País e consequentemente com as empresas.
6. O marketing é uma actividade dinâmica e que acompanha a evolução tecnológica, sobretudo. Acha que temos condições suficientes para exercer a profissão?
Temos e muita. Actualmente o avanço tecnológico chega até nós por intermédio dos canais digitais e com eles conseguimos estudar e ver diariamente quais são as tendências do mundo. Obviamente, temos limitações de conectividade e de branding, alguns materiais de brand mais sofisticados e tecnológicos ainda nos custam muito por conta dos factores de importação e exportação, mas, de forma geral, já conseguimos acompanhar o básico da roda quando se fala de Marketing e integração tecnologia de base. Um exemplo bem prático é a presença inovadora das marcas nos grandes eventos da nossa praça.
7. Já agora, quais os principais 'entraves' para o profissional de Marketing em Angola?
Entraves como tal não vejo e não os consigo descrever. Os profissionais de Marketing estão a evoluir com o País e têm usado os recursos disponíveis para apresentarem um bom trabalho aos consumidores, todo o resto é processual e se vai encaixando consoante a própria evolução da sociedade.
8. Olhemos, por exemplo, para a qualidade da Internet em Angola. Acha que é um indicador que influencia na qualidade do serviço em Marketing?
Certamente, sim. A qualidade da nossa internet cria uma grande limitação aos profissionais de Marketing no sentido de que se torna quase impossível implementar determinadas acções/activações, por conta do sistema de conectividade do próprio País, e isso depois tem impacto, tanto na qualidade do trabalho apresentado, como na criatividade do próprio profissional.
9. Sabe-se, à partida, que a profissão de Marketing é relativamente 'nova' em Angola. Acha que se conseguiu impor?
Está a impor-se… ainda é um caminho que está a ser percorrido, mas até ao momento os profissionais de Marketing têm conseguido trilhar um bom rumo e estão cada vez mais a mostrar para as marcas e para a sociedade em si a importância desta classe numa sociedade em desenvolvimento como a nossa.
10. De modo geral, podemos dizer que o profissional de Marketing em Angola é remunerado à altura do trabalho que faz?
Alguns, sim! Alguns já são remunerados à altura do trabalho que fazem. O mercado de Marketing é como qualquer outro, onde existem vários tipos e níveis de profissionais, tal como existem vários níveis e tipologia de organizações onde estes trabalham. O reconhecimento salarial vem sempre com base em dois factores: Visão ou capacidade financeira da empresa em que o profissional faz parte, e o nível de conhecimento e posicionamento do próprio profissional no mercado.