O Estado emitiu títulos da dívida pública num montante avaliado em pelo menos 839 mil milhões de Kwanzas no mês de Outubro de 2024, o que representa um aumento de, aproximadamente, 181% face ao período homólogo, concluiu a E&M com base na informação do Banco Nacional de Angola (BNA), divulgada recentemente.
Do total da dívida pública emitido no décimo mês do presente exercício económico, as obrigações do tesouro (OT), segundo cálculos da E&M, tiveram um peso de aproximadamente 67,4% (pelo menos 565,1 mil milhões Kz), ao passo que os bilhetes do tesouro (BT) representaram perto de 32,6% (272,9 mil milhões Kz).
Os dados do banco central (instituição presidida por António Tiago Dias) também indicam que em Outubro de 2023 a emissão de títulos de dívida pública rondou os quase 298,8 mil milhões Kz, que comparado com o mesmo mês deste ano, é de menos 540,2 mil milhões Kz.
As OT representam 61,6% (pelo menos 184,2 mil milhões Kz), enquanto os BT 38,4% (114,6 mil milhões Kz) do total da dívida pública emitida em Outubro do ano transacto.
O aumento da emissão da dívida pública, explica Alberto Silvestre, economista, sugere que o Estado precisou de captar mais recursos no mercado interno para financiar as despesas, a julgar pelo défice orçamental e incremento no serviço da dívida.
“As despesas públicas terão ultrapassado as receitas e, por outro lado, o Estado terá ainda refinanciado dívidas anteriores ou pago juros mais elevados”, esclareceu o economista em declarações exclusivas à E&M.
Alberto Silvestre esclareceu ainda que o Estado terá emitido mais títulos do tesouro, como forma de captar recursos, reduzindo assim a dependência de outros instrumentos ou fontes de financiamento (empréstimos externos).
“Se a inflação está alta ou o Kwanza desvalorizado, o Estado pode emitir mais títulos para compensar a perda do poder de compra”, esclareceu o economista para mais adiante afirmar que taxas altas incentivam a compra de títulos da dívida pública.
Armando Alves, economista, chamado a comentar sobre o assunto, disse que o aumento da dívida pública (a um ritmo acelerado) pode levar a uma trajectória insustentável de endividamento.
“O pagamento de juros e amortizações pode comprometer uma parcela maior do orçamento futuro”, esclareceu ainda o economista.