Analisando as contas da TAAG, referentes ao exercício de 2022, auditadas pela Ernst & Young, uma entidade independente de reconhecida idoneidade, e comparando-os com resultados anteriores, podemos, com segurança, afirmar que a companhia aérea angolana apresenta resultados claramente animadores. 

A TAAG encerrou o exercício de 2022 com uma histórica margem EBITDA (lucros antes de juros, impostos, depreciação e amortização) de -5% e um resultado líquido positivo de 460 milhões de kwanzas. Em dólares, apesar de ser evidente a tendência de recuperação de 2022, o EBITDAR (lucro antes de Juros, Impostos, Depreciação, Amortização e Aluguer) fixou-se em – 22 milhões, com uma margem ainda negativa de 6%. Sendo o resultado líquido, em USD, ainda negativo, apesar de ter superado o orçamento aprovado para o exercício de 2022, que previa um prejuízo de USD 99 milhões, é previsível, na óptica da Administração da TAAG, que até 2024 se alcance um resultado positivo. Essa perspectiva já havia sido apresentada à E&M pelo CEO da TAAG, Eduardo Fairen, em entrevista publicada em Setembro do ano passado. 

Os dados financeiros são acompanhados de dados operacionais que confirmam esta apreciação. No que tange a passageiros, foram transportados 917 990 em 2022 contra 298 365 em 2021 (ver quadro), o que representa um aumento de 207%, com um proveito em USD de 312 milhões contra os 175 milhões do ano anterior. Um aumento de 78%. A carga conheceu um incremento de 31,53%, com uma receita de 29,5 milhões de kwanzas contra os 20,2 milhões em 2021. 

Em 2021, a TAAG tinha uma frota constituída por 19 aeronaves, quatro do tipo DASH-8, sete Boeing 737/700, três Boeing 777/200 e cinco Boeing 777/300 ER. Desse conjunto, dez estavam a operar. Um diagnóstico efectuado com o suporte de três empresas independentes, entre elas a Lufthansa Consulting, revelou um histórico deficiente de manutenção, e das 10 aeronaves referidas, apenas seis ofereciam plena confiabilidade. Foram recebidas, entretanto, mais duas aeronaves DASH 8. Com o leasing de um aparelho aos TACV, Transportes Aéreos de Cabo Verde, a TAAG encontra-se hoje com 20 aeronaves, das quais 13 recuperadas e com a perspectiva de, em pouco tempo, poder contar com a recuperação de mais outras três (um boeing 777/300 ER, um Boeing 737/700 proveniente da SONAIR e um DASH-8).  Tudo isso num ambiente em que, em Outubro de 2021, a companhia contava com seis (6) dias de posição de tesouraria, um alto nível de endividamento, aviões no chão, bem como equipamentos e materiais expirados. O contexto internacional era de todo, e ainda o é, muito pouco favorável. Congestionamento nas cadeias de produção e distribuição de consumíveis, fruto essencialmente da paralisação do sector devida à pandemia Covid-19. Falta de rotáveis aeronáuticos necessários à recuperação da frota, limitada disponibilidade de slots para a realização das intervenções de regularização das tarefas de manutenção planeadas. A esses factores, juntaram-se outros de ordem interna, estrutural, de génese antiga, que requerem da actual administração abordagens profundas, não imediatistas.

Este balanço choca, no entanto, a todos aqueles que observam de fora, com o que vem a público, especialmente pelas redes sociais. Informações com carga emotiva forte, veiculadas por sectores de dentro da companhia e em resultado da percepção do serviço pelos passageiros que ainda está longe de ser bom. A reestruturação da empresa requer hoje múltiplas alterações e a priorização do seu saneamento financeiro. É um processo cheio de dores, nem sempre devidamente percebido e aceite de bom grado, quer pelas implicações no tecido social interno da empresa, quer por todos aqueles que se servem dos seus serviços. É mudar o pneu com o carro em andamento.  

Lendo os números, quisemos ouvir da presidente do Conselho de Administração da TAAG, a jurista Ana Francisca Major, proveniente do sector de Oil & Gás, cooptada para a função e muitos anos de experiência de gestão. 

Leia o artigo completo na edição de Agosto, já disponível no aplicativo E&M para Android e em login (appeconomiaemercado.com).

Changing the while the car is in motion 

Numbers play a crucial role in determining a company's functionality, both positively and negatively. After analyzing TAAG's accounts for the 2022 financial year, which were audited by Ernst & Young, an independent entity with a reputable standing, and comparing them with previous results, it can be safely said that the Angolan airline has presented encouraging results.

TAAG achieved a historic EBITDA margin (earnings before interest, taxes, depreciation, and amortization) of -5% and a positive net result of 460 million Kwanzas in the 2022 financial year. However, in dollars, despite a clear recovery trend for 2022, EBITDAR (earnings before interest, taxes, depreciation, amortization, and rent) remained at -22 million, with a negative margin of 6%. Since the net result in USD is still negative, despite exceeding the budget approved for the 2022 financial year, which predicted a loss of US 99 million, TAAG management expects to achieve a positive result by 2024. This perspective was already presented by TAAG’s CEO, Eduardo Fairen, in an interview to E&M, published in September of last year.

Operational data also supports this assessment. In 2022, TAAG transported 917,990 passengers, compared to 298,365 in 2021 (see table), representing an increase of 207% with revenue in USD of 312 million, an increase of 78% from the previous year's 175 million. Cargo revenue increased by 31.53%, with 29.5 million Kwanzas compared to 20.2 million in 2021.

In 2021, TAAG operated a fleet of 19 aircraft, including 4 DASH-8s, 7 Boeing 737/700s, 3 Boeing 777/200s, and 5 Boeing 777/300 ERs. However, only 10 of these aircraft were operational. A recent diagnosis, supported by three independent companies, including Lufthansa Consulting, revealed a poor maintenance history. Of the 10 aircraft referred to, only 6 were considered completely reliable. Since then, TAAG has received two more DASH-8 aircraft and leased an airplane to TACV (Transportes Aéreos de Cabo Verde), bringing the current fleet size to 20 aircraft, 13 of which have been recovered. The company expects to recover three more aircraft soon, including a Boeing 777/300 ER, a Boeing 737/700 from SONAIR, and a DASH-8. However, the company faces significant challenges, with only six days of treasury position in October 2021, a high level of debt, grounded planes, and expired equipment and materials. The COVID-19 pandemic has led to congestion in the production and distribution chains of consumables, exacerbating an already difficult situation. In addition, there was a lack of aeronautical rotables needed to recover the fleet, and a limited availability of slots to carry out interventions to regularize planned maintenance tasks. The company also faces internal structural issues that require a profound approach from the current administration, rather than a rushed reaction.

However, this balance is shocking to outside observers, particularly through social media, due to the emotionally charged information conveyed by certain sectors within the company. This information is based on passenger perceptions of the service, which is still far from satisfactory. The company's restructuring requires multiple changes and prioritization of financial restructuring. This process is often painful and not always properly perceived or willingly accepted, due to its implications for the company's internal social fabric and its customers. It's like changing a tire while the car is in motion.

Analyzing these numbers, we wanted hear from the Chairman of TAAG’s Board of Directors, lawyer Ana Francisca Major, from the Oil & Gas sector, who brings many years of management experience to the role.

Read the full article in the August issue, now available on the E&M app for Android and at login (appeconomiaemercado.com).