Para muitos dos aguerridos adeptos da Selecção Nacional, o CAN da Côte d’Ivoire encerrou com o afastamento dos Palancas Negras da prova, nos quartos-de-final, aos pés da Nigéria. Mas, numa competição da envergadura do CAN - é a maior manifestação desportiva do continente africano -, há capítulos que, não ocupando, habitualmente, espaço na mediatização, se revelam curiosos. É disso exemplo os bastidores da vasta equipa da CAF (Confederação Africana de Futebol) que assegura a gestão competitiva do africano.
Longe dos holofotes da media nacional, estão angolanos inscritos no CAN’2023 (acontece em 2024), aos quais o órgão reitor do futebol no continente se lhes reconheceu idoneidade especializada para integrarem o grupo de trabalho da prova.
Já foram mais angolanos nestas estruturas de apoio ao CAN, mas, à semelhança da corrida nos relvados protagonizada por jogadores e selecções, a vasta estrutura de gestão da CAF na Côte d'Ivoire vai emagrecendo, igualmente, à medida que o CAN caminha para o fim (que o digam as 20 selecções ‘mandadas p’ra casa’…).
Eis o 'trio' de especialistas angolanos que tem testemunhado a fase derradeira do africano: Miller Gomes, treinador de futebol, Jerson Emiliano, árbitro assistente no activo, e Inácio Cândido, membro do Comité de Arbitragem da CAF. Todos ‘marcaram presença’ nas meias-finais, desconhecendo-se, até à altura da elaboração deste texto, se a sorte da ‘participação’ na final deste domingo, 11 de Fevereiro, entre a Côte d'Ivoire e a Nigéria, bateu às portas de Angola…
'Quinqueto' juntou-se aos Palancas na abertura do CAN
No dia em que, no Estádio Olímpico, na cidade de Abidjan, a bola rolou para o pontapé de saída do CAN, além dos Palancas Negras nos relvados, Angola esteve representada por cinco especialistas nas estruturas de gestão competitiva da maior prova de futebol do continente africano.
João Mulima e Ivanildo Lopes completavam o grupo de ‘embaixadores’ angolanos nas estruturas da CAF para a 34.ª edição do CAN. O primeiro está ligado à Medicina Anti-doping e o segundo responde ao estatuto de árbitro assistente. Ambos mereceram a confiança do órgão reitor da modalidade ‘rainha' no continente, que tem à testa o bilionário sul-africano Patrice Motsepe, para integrarem o CAN da Côte d’Ivoire.
A experiência de um angolano na elite da CAF: vivência «rica e fantástica»
A partir dos corredores da CAF, Miller Gomes conta à revista Economia & Mercado que a vivência na gestão competitiva de uma prova da dimensão do CAN tem sido “rica e fantástica”.
“Rica porque vou acumulando know-how e experiências nas mais variadas dimensões que o futebol abarca. Por outro lado, o contacto com as várias estruturas da CAF, selecções, atletas, media e outros conferem-nos não só conhecimento mas, também, responsabilidade no cumprimento das tarefas”, descreve o técnico de futebol de Classe A, a mais alta entre os níveis de formação conferidos pela CAF aos treinadores de futebol.
O também director Técnico da FAF (Federação Angolana de Futebol) hesita quando questionado sobre a avaliação do seu desempenho nas estruturas de apoio à organização do CAN.
Sublinha que a sua condição impõe neutralidade. Rende-se, contudo, à insistência da pergunta, mas fá-lo de forma imprecisa: “Penso que tem sido visível o nosso trabalho”.
Afirma que a CAF tem investido “bastante” em quadros especializados, proporcionando formações nas diversas áreas do jogo e da gestão.
“Nos dias de hoje, termos cinco angolanos em comissões de trabalho - que há uns anos atrás não se via - é sinal de que temos crescido a este nível e só é possível essa inversão com pessoas capacitadas”, remata Miller Gomes.