Mais de 5 mil pacientes abandonaram o tratamento da tuberculose no primeiro trimestre do ano passado. O estigma, segundo o coordenador em exercício do Programa Nacional de Controlo da Tuberculose, está entre os principais factores do quadro.
Damião Vitoriano fez saber que, no primeiro trimestre de 2023, as autoridades sanitárias do País registaram um total de 3.943 casos de abandono do tratamento médico, referindo que se trata de “um problema sério”.
“O estigma e o preconceito são um dos pilares que fazem com que muitos dos pacientes não vão ao hospital. Muitos doentes chegam graves às unidades sanitárias, quer dizer, os custos são mais elevados”, referiu o quadro do Ministério da Saúde (MINSA).
Além da questão do estigma, referiu o dirigente, entram para as contas das causas do abandono do tratamento da tuberculose, segundo alegações de familiares, condições sociais precárias, como a falta de alimentação.
Damião Vitoriano reportou, em entrevista à RNA, que a resistência aos antibióticos, durante um período, por exemplo, de dois meses, faz com que o paciente continue a transmitir o bacilo da tuberculose, apresentando um quadro susceptível de levar a óbito.
Garantiu que todos os hospitais, de forma transversal, atendem a pacientes com tuberculose, afirmando que a aquisição de medicamentos por parte dos pacientes é gratuita, porquanto se trata “de um compromisso do Estado”.
“Há uma compra agrupada para que os medicamentos sejam mais acessíveis. Está-se a fazer um grande esforço para não ter stock zero”, declarou o coordenador em exercício do Programa Nacional de Controlo da Tuberculose, do MINSA.
Iniciativa ‘DontMissaMoment’ combate não adesão ao tratamento
Uma campanha denominada ‘DontMissaMoment’ assinala, a 27 de Março de 2025, o primeiro ‘Dia Mundial da Adesão’, numa iniciativa que apela à acção de profissionais de saúde e doentes para respeitarem a adesão aos planos de tratamento, uma das questões mais desafiantes no domínio da saúde global.
De acordo com o programa, a não adesão generalizada aos planos de tratamento está na base do agravamento dos resultados de saúde, das hospitalizações desnecessárias e dos crescentes custos com a saúde, noticia a African Media Agency (AMA).
Assim, a campanha tem como foco educar doentes, cuidadores e profissionais de saúde sobre adesão; encorajar conversas francas entre médicos e doentes; envolver as comunidades através de workshops, campanhas nas redes sociais e eventos de sensibilização pública e defender políticas para melhorar o acesso a medicamentos e a sistemas de apoio à adesão.
A adesão – respeitar a medicação prescrita, as mudanças de estilo de vida e as visitas médicas regulares – é, escreve ainda o portal, essencial para gerir doenças crónicas, como a hipertensão, a diabetes e doenças cardiovasculares.
Realça que as doenças não transmissíveis (DNT) representam aproximadamente 75% das mortes a nível mundial, ou seja, pelo menos 43 milhões anualmente, sendo que apenas 50% dos doentes em países desenvolvidos aderem aos tratamentos de doenças crónicas, sendo que esta percentagem ainda é menor nos países em desenvolvimento.
Virosha Deonarain, chefe dos Assuntos Médicos na empresa farmacêutica Servier Southern and Eastern Africa, refere que a não adesão aos planos de tratamento resulta em complicações e hospitalizações evitáveis, bem como numa menor qualidade de vida para milhões de pessoas em todo o mundo.
“Se todos trabalharmos em conjunto, podemos assegurar que a adesão é uma responsabilidade partilhada e não um fardo. Ao tomarmos medidas hoje mesmo, os profissionais de saúde e os doentes podem garantir que ninguém perde um momento devido a problemas de saúde evitáveis”, afirma, por sua vez, Martin Mpe, presidente da SA Heart Association, também citado pela AMA