Há um aumento assinalável das actividades de exploração e investimento no sector de hidrocarbonetos na África Austral. Estas novas descobertas anunciam uma remodelação do cenário económico da região, afirma a Moody's.
De acordo com a agência, espera-se que as reservas de petróleo e gás recentemente descobertas na zona e noutros países africanos aumentem significativamente as receitas fiscais e cambiais.
O estudo recente da Moody's observa que, à medida que cada vez mais países, particularmente na África Austral, enfrentam défices energéticos, a retoma da exploração e produção de petróleo e gás deverá contribuir para a segurança energética e o acesso à electricidade.
Estas previsões optimistas seguem-se a uma onda de esforços de exploração ao longo das últimas duas décadas, que resultaram em descobertas significativas, incluindo gás, refere a pesquisa da agência, citada pelo Le360.
África representou, assim, quase 40% das novas descobertas de gás natural no mundo entre 2010 e 2020, segundo dados da Agência Internacional de Energia, que salienta que Moçambique, Namíbia, Tanzânia e Senegal registaram novas descobertas significativas.
“A produção de hidrocarbonetos será transformadora para algumas economias, mesmo que o progresso dos projectos seja desigual. O sector do gás natural liquefeito (GNL) de Moçambique ainda é incipiente, mas as reservas comprovadas de gás do país estão entre as maiores do mundo e oferecem um vasto potencial de exportação”, observa a Moody's.
Indica que descobertas significativas de petróleo offshore na Bacia de Orange, na Namíbia, também poderiam tornar o país da África Austral num grande produtor regional de petróleo bruto.
Entre 2010 e 2015, a Tanzânia fez descobertas significativas de gás natural em blocos offshore de águas profundas, representando 47.000 mil milhões de pés cúbicos.
Contudo, os analistas da Moody's alertaram que uma série de obstáculos que têm impedido muitos produtores de atingirem o pleno potencial da sua riqueza em recursos naturais poderão inviabilizar as perspectivas para a indústria regional de hidrocarbonetos.
“A governação eficaz e a preparação de políticas serão essenciais para gerir os recursos de petróleo e gás de forma a garantir a resiliência à transição energética e maximizar os benefícios económicos e fiscais”, argumentaram.
O relatório revela também que, nos próximos anos, vários países da África Subsariana deverão tornar-se, pela primeira vez, grandes produtores de petróleo e gás natural.