Os articulos foram produzidos numa altura em que o Governo avaliava o seu programa executado no quinquénio 2018-2022 e a oposição apresentava promessas para mudar o “status quo”. Desde o sector extractivo ao social, passando pelas infra-estruturas e o sector produtivo, com destaque para a agricultura e pescas, ouvimos vários especialistas e dirigentes. Veja algumas ideias:
SECTOR FINANCEIRO
“Houve uma melhoria das condições económicas, desde que o OGE 2022 foi aprovado. Desde então, houve aqui um aumento no crescimento do sector não-petrolífero, que vem contribuindo de uma forma importante para estas novas estimativas de crescimento que temos para a economia angolana”.
“Angola não pode esperar que chegue o momento em que haja pouca procura pelo petróleo para decidir o que vai fazer”.
- Marcos Souto, represente do MFI em Angola, em entrevista sobre o sector financeiro.
SECTOR EXTRACTIVO
“O país não vai mudar muito, porque somos muito dependentes do petróleo. O sector que poderia substituir esta commodity no curtíssimo prazo é o turismo. Com o turismo, obtêm-se também divisas”
“Hoje temos algumas empresas cujo ‘funeral’ já aconteceu há algum tempo, umas estão na morgue e outras em coma induzido. Se não for feito nada, muitas empresas nacionais no sector dos petróleos vão acabar por desaparecer”.
- Pedro Godinho, empresário, sobre o sector petrolífero e conteúdo local
CONSTRUÇÃO E INFRA-ESTRUTURAS
“Neste momento, temos 14.000 quilómetros de estrada. Portugal, por exemplo, tem 13.000 quilómetros, que é um país já bem desenvolvido em termos de rede rodoviária. Da nossa rede de 76.000 quilómetros, 14.700 estão asfaltados. O problema que começa a surgir neste momento em relação às estradas é a nossa capacidade de manter a rede que estamos a construir. Se formos construindo, aumentando a rede e se não estivermos atentos à capacidade de mantê-las, vamos cair numa situação de refazer tudo. É preciso dimensionar a capacidade de fazer estradas e manter aquelas que já estão feitas. Para isso, o Instituto de Estradas de Angola foi reestruturado com as valências necessárias para prestar atenção sectorizada desde a construção até à manutenção de estradas e pontes”.
- Manuel Tavares de Almeida, ministro das Obras Públicas e Ordenamento do Território
AGRICULTURA
“Primeiro, na abordagem sobre seca há muito sensacionalismo. Se alguém viajar de helicóptero de Ondjiva para Calueque, perceberá que a abordagem que se faz sobre a seca não é correcta. O problema da seca no Sul, do ponto de vista técnico, tem solução. Demorou muito para percebermos as soluções. Neste momento, sem menosprezar as outras grandes obras desta primeira legislatura do Presidente João Lourenço, está a ser concluído aquele que, para nós do sector agrícola, é a maior obra”.
A dinâmica que temos no sector da Agricultura, penso, já não vai parar ou recuar. E a maior confiança que nos dá naquilo que estou a dizer é a aposta dos jovens. Há jovens que nos dizem que trocaram a cidade para se dedicar à agricultura. Isso é muito positivo e permite-nos chegar à conclusão de que, em relação à agricultura, estamos no caminho certo, não obstante todas as dificuldades que existem.
- António Francisco de Assis, Ministro da Agricultura e Pescas
SAÚDE E EDUCAÇÃO
“Houve um investimento muito grande no sector da saúde. Desde o princípio da sua governação, o Presidente João Lourenço demostrou sempre um maior interesse em ver resolvidos os problemas de saúde da população. No que concerne ao OGE para o sector da Saúde, o mesmo aumentou. Do ponto de vista percentual, passou de 4,3% do OGE em 2017, para 4,9% em 2022, mas com a desvalorização do kwanza, este aumento acabava por ter pouco impacto no quotidiano. O grande desafio para saúde no OGE continua a ser uma execução acima dos 95%, diferente dos actuais percentuais de execução do mesmo que se encontra em torno de 80%”, médico
- Jeremias Agostinho, especialista em Saúde Pública
“No início do mandato do actual Governo, fui das pessoas que publicamente manifestou a sua expectativa positiva, acreditando que, de facto, estávamos diante de uma época de mudança. Não digo de mudança de paradigma porque o grupo era o mesmo, mas sim de mudança de conteúdo qualitativo da governação. Infelizmente, do meu ponto de vista, isso não aconteceu. Entretanto, seria injusto da minha parte não reconhecer que houve avanços do ponto de vista quantitativo. Se olharmos para os números que o Governo apresenta do sector Social, vemos aumento de salas de aulas e de unidades hospitalares. Mas a questão preocupante tem que ver o facto de o aumento das infra-estruturas não ter sido acompanhado de um aumento do capital humano, sendo que, sem profissionais qualificados e bem pagos, é impossível manter as estruturas a funcionar. Portanto, a qualidade da governação está posta em causa”.
- Alexandra Simeão, activa cívica, antiga vice-ministra da Educação