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Especial Mulheres no Agronegócio. “Investir em mulheres é investir no futuro de Angola”

Redacção
8/3/2024
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A promoção da igualdade do género, a erradicação da fome, o alcance da segurança alimentar e melhoraria da nutrição e promoção da agricultura sustentável são metas dos ODS e do PND 2023-2027.

As mulheres angolanas representam mais de 50% da força de trabalho rural. Nos centros urbanos, é facto que são as mulheres que, maioritariamente, fazem a gestão doméstica e escolhem os produtos de consumo.

A especialista em Direito e Economia dos Sistemas Agroindustriais, Leonor Simões Ferreira, em parceria com a revista Economia & Mercado, apresentam um Overview sobre os desafios que Angola deve superar para alcançar a segurança alimentar, na visão de mulheres que lideram a produção agroindustrial e os serviços conexos

De acordo com a cofundadora da Fazenda 27, Sónia Leitão, os principais desafios nos próximos 10 anos estão relacionados com o grau de eficiência das políticas públicas para o sector, algumas já em prática, outras ainda por desenhar e implementar, mas sempre a começar pela agricultura como garante de insumos para abastecer a indústria transformadora.

“Temos desafios directos relativos à dificuldade em adquirir sementes de boa qualidade, resistentes, com bom grau de eficiência e à falta de apoio financeiro aos pequenos produtores para o fazer; a dificuldade de acesso aos meios para trabalhar a terra, tratores e maquinaria; os preços elevados dos fertilizantes, inseticidas e pesticidas, o facto da maioria das culturas do país estar dependente apenas de rega pluvial, com dificuldade de acesso a outras formas de irrigação.

Depois da colheita vêm as dificuldades de armazenamento e distribuição das produções agrícolas, associada a uma baixa rede de transportes e comunicação interprovincial e a falta de uma regulamentação a nível de preços dos produtos agrícolas de forma sustentável e com cobertura nacional.

Revela que têm sido registadas situações onde, por falta de apoio financeiro, pequenos produtores são financiados por grupos de comerciantes, muitos deles estrangeiros, principalmente provenientes da RDC, que depois das colheitas desvalorizam o produto para aumentar os seus lucros

Constitui também um desafio, a baixa valorização do produto nacional, pelos próprios angolanos que ainda não acreditam e desconhecem que há muitos produtores a produzir com qualidade.

“As grandes redes de distribuição dão preferência á comercialização de produtos importados em detrimentos dos nacionais, porque se revêm nos negócios da importação pela exportação de capitais para empresas estrangeiras que representam os seus interesses” denuncia.

Em relação aos principais desafios, para a Reitora da Universidade José Eduardo dos Santos, Prof. Doutora Virgínia Lacerda Quartin, o primeiro passo consistiria em incrementar a produção e a produtividade nacional com recursos a tecnologias de produção mais modernos, com uso de sementes/mudas vegetais e fertilizantes adequados às condições edafo-climáticas de cada região agrícola. Neste pressuposto ter em conta a proteção integrada das culturas.

“Neste ponto, o papel das instituições de ensino, dos institutos de investigação, das organizações não-governamentais e das empresas incluindo a agricultura familiar, devem estar alinhados. A AAPA (Associação Agro-Pecuária de Angola) está suficientemente organizada e pode ser uma mais-valia na constituição desta plataforma de apoio a produção nacional”.

Por outro lado, considera necessário que, a nível dos municípios hajam iniciativas de pequenas fábricas que permitam transformar os excedentes resultantes da agricultura familiar. Aponta como principais produtos para transformação e conservação as hortícolas e frutos mais perecíveis designadamente: tomate, cenoura, batata, repolho, morango, goiaba, abacaxi e manga.

“Também ter em conta as moageiras para os cereais e nas regiões produtoras de café garantir condições de armazenamento e de processamento”.

Temos excelentes condições para a produção de frutos tropicais e outras tais, como: a banana, a manga o abacaxi, a papaia e o abacate que devem constituir clusters principalmente tendo em vista a exportação.

Devemos ter em conta as frutas silvestres tais como o loengo, cuja transformação deve ser incentivada com vista ao mercado de produtos gourmet, tendo em conta o seu sabor exótico muito apreciado por populações de alta renda.

Leia o dossier na íntegra.