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Angola atrasa-se na “corrida” do cinema africano

Andrade Lino
22/7/2021
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Foto:
DR

Os produtores de audiovisuais e de cinema, em Angola, caminham em contramão para superar a ausência de incentivos públicos e a degradação da velha infra-estrutura existente.

O cinema africano tem dado passos significativos, a cada ano, com várias produções que ganham destaque em palcos internacionais. É o caso do Egipto e da África do Sul, esse último que muito aposta na formação técnica e onde o estudo de obras cinematográficas vem abrangendo, frequentemente, uma variedade de tópicos, embora isso se dê por causa da estrutura herdada dos tempos do apartheid.

Ao contrário destas economias, vê-se em muitos outros países cujos governos locais não tenham a cultura nos seus planos de desenvolvimento, e Angola é o exemplo mais próximo de onde essas políticas continuam a ser secundárias, fazendo que o permaneça atrás nesse domínio, embora haja cada vez mais criadores locais a fazer um esforço para caminhar na contramão dessa realidade.

O actor luso-angolano Miguel Hurst declara que, tendo em conta um pouco mais do que a última década, a indústria cinematográfica africana está em pleno crescimento, não somente pelas produções e pelos festivais que crescem em número e qualidade no continente, mas também pela presença de filmes africanos nos maiores certames dedicados a essa arte à volta do mundo. “Tem sido notória a presença de filmes africanos, de estéticas arrojadas e temáticas inovadoras e actuais, comparados aos filmes dos anos 70/80, que colocam a indústria cinematográfica africana ao lado das indústrias que competem em qualidade e quantidade. Vários realizadores e actores têm sido lançados para o mercado internacional e aceites com nota positiva pela crítica internacional”, afirmou.

Olhando para o caso angolano, a fonte considera que está timidamente a acompanhar este passo. Produções com mais qualidade e em maior quantidade têm vindo a acontecer nos últimos cinco anos com a mais-valia de terem ganho vários prémios internacionais, disse, sem citar nomes, e realçou que claro está que, em comparação com outros mercados africanos, Angola ainda está aquém do que se pode chamar de indústria constante e consistente, ou seja, reforçou, o país “tem mostrado que a vontade dos seus criativos vai muito além daquela que deveria ser defendida por uma política cultural nacional que continua insuficiente, roçando as fronteiras do inexistente”.

O entrevistado continuou que, apesar desta contrariedade política, as plataformas de divulgação (on-line) têm vindo a crescer e a valorizar as produções feitas com poucos meios financeiros, “e têm-nos dado o prazer de poder assistir a filmes nacionais que, obedecendo ao que foi dito, ainda demonstram pouca qualidade”, mas “é absolutamente descabido pensar em equiparar-nos com mercados como o nigeriano ou o sul-africano, quanto mais com um colosso como a Índia”.

Leia o artigo completo na edição de Julho, já disponível no aplicativo E&M para Android e em login (appeconomiaemercado.com).

Angola lags behind in African cinema “race”

Audiovisual and film producers in Angola are going backwards to overcome the lack of public incentives and the deterioration of the old infrastructure.

Each year, African cinema has taken significant steps, with several productions gaining prominence on the international stage. This is the case of Egypt and South Africa. South Africa has been focusing a lot on technical training, and the study of cinematographic works has often covered a variety of topics, although this is due to the structure inherited from the Apartheid times.

Unlike these economies, the governments of many other countries do not have culture in their development plans, and Angola is the closest example of where these policies continue to be secondary, making it remain behind in this area, although there are more and more local creators making an effort to walk against this reality.

The Portuguese-Angolan actor Miguel Hurst declares that, taking into account a little more than the last decade, the African film industry is booming, not only by the productions and festivals that grow in number and quality on the continent, but also by the presence of African films in the biggest exhibitions dedicated to this art around the world. “The presence of African films, with bold aesthetics, innovative and current themes, compared to the films of the 70s/80s, has been remarkable, placing the African film industry alongside industries that compete in quality and quantity. Several directors and actors have been launched to the international market and accepted with positive reviews by international critics”, he said.

Looking at the Angolan case, the source considers that it is timidly following this step. Productions with more quality and in a greater quantity have been happening over the last five years with the added value of having won several International awards, he said, without indicating names, and noted that in comparison to other African markets, Angola is still short of what can be called a consistent industry; or in other words, he said, the country “has shown that the will of its creative minds goes far beyond what should be defended by a national cultural policy, which continues to be insufficient, close to non-existence”.

The interviewee continued that, despite this political setback, the (online) dissemination platforms have been growing and have been valuing productions made with limited financial means, "and have given us the pleasure of being able to watch national films that, obeying what was said, still show little quality", but "it is absolutely unreasonable to think of equating ourselves with markets such as Nigeria or South Africa, let alone with a colossus such as India".

Read the full article in the July issue, now available on the E&M app for Android and at login (appeconomiaemercado.com).