São oriundos da Guiné-Conacri, Costa do Marfim, Mali, Senegal, Gambia, Serra Leoa, Libéria e Eritreia. Talvez de mais um ou outro país. Procuram novas oportunidades, à imagem do movimento migratório de angolanos para outras paragens. Grande parte presta serviços em cantinas nas áreas suburbanas de Luanda e em algumas capitais de província. No país, constituíram famílias, gerando filhos angolanos numa população que hoje ronda os 3 milhões de habitantes. Há um dominador comum – estão ilegais, pese os anos de presença no território nacional e dos serviços de valor social acrescentado que prestam. Todos nós já entrámos numa das cantinas que os empregam e adquirimos, para as nossas casas, bens normalmente a preços acessíveis. Dominam a nossa língua, interagem connosco e são, na sua grande maioria, gente afável. Une-os a religião muçulmana, predominante nos países de onde provêm, sendo natural que pretendam educar as suas famílias sob esse manto religioso. Por si só, isso não representa qualquer perigo.
O Islão, ao contrário do que algumas vozes propagam, é uma religião que defende a coexistência pacífica inter-religiosa e os princípios da honestidade, do trabalho e da bondade. O que não está certo é o ostracismo a que são votados os seus crentes, marginalizados da sociedade que teima em não reconhecer e legalizar a sua existência, impedindo que se insiram na nossa sociedade com os competentes direitos e deveres. Vemo-los ser extorquidos permanentemente por aqueles que têm a missão de fiscalizar as actividades económicas e a legalidade dos cidadãos. Esta ostracização alimenta todo um sistema que vive da sua fragilidade. Pagam para não ser detidos e expulsos. E isso gera uma riqueza paralela, escondida, e conduz a que se perpetue esta situação. Alguém beneficia e não pouco!
E é aqui que podemos estar a alimentar um sério problema para o nosso futuro, situação que vários países estão a viver, não somente africanos, mas europeus, como o caso da França. Ostracizadas, essas comunidades irão, a prazo, fazer uso do seu denominador comum forte: a religião. Nela congregarão todas as frustrações e revoltas e quando se sentirem com expressão suficiente, entenda-se população numericamente forte, farão uso desse factor de congregação para reivindicar direitos, usando, em muitos casos, a razão da força já que a força da razão não foi ouvida.
Dizem os chineses que um só bambu não faz uma jangada. Que não se deve avaliar um cavalo pela sela. Ceder o passeio da rua alarga o caminho. Devemos, com inteligência, integrar a esta comunidade que é parte do nosso dia a dia e não esquecermos que, num passado, não muito distante, também deambulámos pelos seus países onde fomos acolhidos com dignidade. Estão constituídos em associação – Acção para o Desenvolvimento dos Jovens Angolanos e Estrangeiros. Será avisado ouvi-los e percebê-los.
Leia o artigo completo na edição de Março, já disponível no aplicativo E&M para Android e em login (appeconomiaemercado.com).
Giving up the walk enlarges the path!
More than 100,000 West African citizens crossed our country's borders and settled within a migratory movement that dates back to 2004/2005. They come from Guinea-Conakry, Ivory Coast, Mali, Senegal, Gambia, Sierra Leone, Liberia and Eritrea. Maybe even from one other country or another. They are looking for new opportunities, similar to the migratory movement of Angolans to other destinations. Most provide services in canteens in the suburban areas of Luanda and in some provincial capitals. In the country, they formed families, generating Angolan children in a population that today is around 3 million inhabitants. There is a common dominator: they are illegal, despite the years of presence in the national territory and the added social value services they provide. We've all gone into one of the canteens that employ them and bought goods for our homes, usually at affordable prices. They dominate our language, interact with us and are, for the most part, affable people. They are united by the Muslim religion, predominant in the countries where they come from, and it is natural that they intend to educate their families under this religious mantle. By itself, this does not pose any danger.
Islam, contrary to what some voices propagate, is a religion that defends peaceful inter-religious coexistence and the principles of honesty, work and kindness. What is not right is the ostracism to which its believers are subjected, marginalized from a society that insists on not recognizing and legalizing their existence, which further prevents them from entering our society with their relevant rights and duties. We see them being extorted permanently by those whose mission it is to supervise economic activities and the legality of citizens. This ostracization feeds a whole system that thrives on its fragility. They pay not to be arrested and expelled. And that generates parallel, hidden wealth, and leads to the perpetuation of this situation. Someone benefits from this, and not a little!
And it is here that we may be creating a serious problem for our future, a situation that several countries are experiencing, not only African ones, but European ones, as is the case of France. Ostracized, these communities will, in time, make use of their strong common denominator: religion. In it they will congregate all their frustrations and revolts, and when they feel they have sufficient expression, meaning a numerically strong population, they will make use of this factor of congregation to claim rights, using, in many cases, the reason of force since the force of reason was not heard.
The Chinese say that a single bamboo does not make a raft. That you shouldn't judge a horse by its saddle. Giving in to the sidewalk widens the path. We must, with intelligence, integrate this community that is part of our daily lives and not forget that, in the not too distant past, we also wandered through their countries where we were welcomed with dignity. They are constituted in association – Action for the Development of Angolan and Foreign Youth. You will be advised to hear and understand them.
Read the full article in the March issue, now available on the E&M app for Android and at login (appeconomiaemercado.com).