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CEIC antevê nova recessão e aponta caminhos para recuperação

Sebastião Vemba e Cláudio Gomes
15/10/2021
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Foto:
Carlos Aguiar

Depois de um ano sem publicar, o CEIC da UCAN apresentou o relatório Económico 2019/2020, em que prevê uma recessão até 2% do PIB em 2021. Mas aponta caminhos para recuperação.

Se para 2021 as perspectivas são mais, para o ano seguinte, deixam de o ser. A previsão do Centro de Estudos e Investigação Científica (CEIC) da Universidade Católica de Angola (UCAN) é que, em 2022, a economia angolana cresça 1,54%, contra 2,4% e 3,5% previstos pelo Fundo Monetário Internacional e pelo Banco Mundial, respectivamente. Para 2021, o FMI aponta um crescimento de 0,4%, ao passo que o BM prevê que a economia angolana cresça 0,9%. O Governo angolano, por sua vez, aponta um crescimento de 0,0%.

Segundo o Relatório Económico de Angola 2019-2021, “as diferenças entre as fontes consideradas podem ser explicadas pelas características específicas dos modelos de previsão usados” e “pelo papel concedido à política orçamental e à política monetária, se mais restritivas ou menos expansionistas, equivalendo ao ‘confronto’ entre consolidação fiscal, estabilidade dos preços, crescimento económico, criação de emprego e melhoria de condições de vida”.

Conforme o economista e investigador Francisco Paulo, a conclusão a que chegaram não foi uma grande surpresa, embora houvesse alguma expectativa de melhoria, como resultado de alguns programas em curso, em particular o PIIM (Plano Integrado de Intervenção nos Municípios), “que não ajudou a impulsionar o sector não-petrolífero da economia”.

Lançado há pouco mais de um ano, o PIIM está avaliado em 672 mil milhões de kwanzas, tem por objectivo materializar acções de investimentos, no âmbito do Programa de Investimentos Públicos (PIP), de Despesas de Apoio ao Desenvolvimento (DAD) e de Actividades Básicas, com prioridade para as acções de carácter social, de modo a inibir o êxodo rural e promover o crescimento económico, social e regional mais inclusivo no país.

Em contrapartida, a expectativa do investigador Francisco Paulo era de que essa iniciativa tivesse maior impacto na economia, em particular no sector da construção e, consequentemente, na redução dos níveis de desemprego.

O especialista é de opinião que, para que se alcance um crescimento no sector não-petrolífero, os investimentos sejam em infra-estruturas. Relativamente à indústria transformadora, afirmou que o desenvolvimento desse sector deve prever o fornecimento interno de matérias-primas.

Sobre a diversificação da economia nacional, o Relatório Económico 2019/2020 aponta que “a presente situação económica e financeira do país é um exemplo das consequências nefastas da dependência do petróleo”. Como no país “a diversificação está nas suas fases primárias”, lê-se, “e não se deu a este processo a devida relevância política e estratégica – apesar dos inúmeros documentos oficiais sobre planos, estratégias e programas de desenvolvimento, o atraso é evidente, tendo o Governo e o partido que o sustenta politicamente preferido priorizar a criação dum pequeno grupo social rico e afortunado – as consequências são a queda brutal das receitas do Estado (receitas fiscais) e da economia (receitas cambiais) e a retracção do crescimento do PIB”.

Leia o artigo completo na edição de Outubro, já disponível no aplicativo E&M para Android e em login (appeconomiaemercado.com).

CEIC forecasts a new recession and points out paths for recovery

After a year without publishing, the Center for Scientific Studies and Research (CEIC) of the Catholic University of Angola presented the 2019/2020 Economic Report, which forecasts a recession of up to 2% of GDP in 2021, pointing out paths for recovery.

If for 2021 the outlook indicates more, for the following year, it will be less. The forecast of the Center for Scientific Research and Studies (CEIC) of the Catholic University of Angola intimate that, in 2022, the Angolan economy will grow by 1.54%, against 2.4% and 3.5% forecasted by the International Monetary Fund and the World Bank, respectively. For 2021, the IMF points to 0.4% growth while the WB forecasts 0.9%. The Angolan government, in turn, is forecasting 0.0% growth.

According to the Angola Economic Report 2019-2021, “the differences between these estimates can be explained by the specificities of the forecasting models used” and “by the role given to the fiscal and monetary policies, if more restrictive or less expansionist, equivalent to the ‘confrontation’ between fiscal consolidation, price stability, economic growth, job creation and improved living conditions”.

According to economist and researcher Francisco Paulo, the conclusion they reached was not a big surprise, although there was some expectation of improvement as a result of some ongoing programs, in particular the PIIM (Integrated Plan for Intervention in Municipalities), “which did not help to boost the non-oil sectors of the economy”.

Launched a little over a year ago, the PIIM is valued at 672 billion kwanzas and aims to materialize investment actions under the Public Investment Program (PIP), Development Support Expenses (DAD) and Basic Activities, which prioritize social actions aimed at inhibiting rural exodus and promoting more inclusive economic, social and regional growth.

The expectation of researcher Francisco Paulo was that this initiative would have a greater impact on the economy, particularly in the construction sector and, consequently, on the reduction of unemployment levels.

The specialist is of the opinion that, in order to achieve growth in the non-oil sectors, investments should be made in infrastructure. Regarding the manufacturing industries, he stated that the development of this sector should include the domestic supply of raw materials.

On the diversification of the national economy, the Economic Report 2019/2020 points out that “the current economic and financial situation of the country is an example of the disastrous consequences of oil dependency”. Since in the country “diversification is in its primary stages”, we read, “and this process has not been given due political and strategic relevance – despite the numerous official documents on development plans, strategies and programs, the delay is evident , with the Government and the party politically sustaining it preferring to prioritize the creation of a small, rich and fortunate social group – the consequences are the brutal drop in State revenues (tax revenues) and the economy (forex revenues) and the retraction of GDP growth ”.

Read the full article in the October issue, now available on the E&M app for Android and at login (appeconomiaemercado.com).