A abertura de uma zona de comércio livre em todo o continente africano seria uma das saídas para reduzir consideravelmente a miséria. Estudo recente do FMI prevê que 50 milhões de africanos sairiam da pobreza extrema até 2035 caso o continente avançasse para esta abertura.
Esta zona, refere o Fundo Monetário Internacional, se implementada com sucesso, poderia impulsionar significativamente o crescimento económico e melhorar os padrões de vida, num momento de crescentes tensões geopolíticas e mudanças climáticas.
“Uma maior abertura comercial ajudaria os países a adaptarem-se às mudanças climáticas e a fortalecer a segurança alimentar, inclusive melhorar a disponibilidade e a acessibilidade dos suprimentos alimentares”, perspectiva o estudo, citado pela Bloomberg.
Sob o título ‘Integração Comercial em África – Liberando o Potencial do Continente num Mundo em Mudança’, a pesquisa conjectura que um comércio mais diversificado e amplo reduziria o impacto de interrupções em mercados e produtos específicos que poderiam resultar de mudanças nos padrões de comércio global.
O FMI, recorda a agência norte-americana, ressaltou, recentemente, que África sofreria um golpe económico permanente se as tensões dividissem a economia global em blocos comerciais opostos em torno dos EUA e da China.
O relatório da instituição de Bretton Woods especifica que a África Subsaariana poderia ver um declínio de 4% no seu Produto Interno Bruto após 10 anos sob uma versão severa deste mundo bipolar.
Benefícios e recomendações
Para que o continente obtenha todos os benefícios de uma zona de comércio livre, a instituição financeira internacional afirma que serão necessários grandes cortes nas barreiras comerciais tarifárias e não tarifárias entre as nações africanas.
“Essas reduções poderiam aumentar o fluxo médio de comércio de mercadorias entre os países africanos em 15% e o PIB real per capita médio em 1,25%”, ou mais se combinadas com melhorias substanciais no ambiente comercial”, assinala o FMI.
Prevê ainda que reformas abrangentes junto com a implementação da referida zona poderiam aumentar o fluxo médio de comércio de mercadorias entre países africanos em 53% e o resto do mundo em 15%.
Isso poderia aumentar o PIB per capita médio em África em mais de 10% e tirar até 50 milhões de pessoas no continente da pobreza extrema até 2035, assina o organismo.
As acções políticas recomendadas no relatório do FMI incluem uma rede de segurança social modernizada, que apoie os mais vulneráveis durante a transição para uma trajectória de maior crescimento e investimento em capital humano.
A Bloomberg recorda que 46 dos 54 países africanos já ratificaram o acordo de criação de uma zona de comércio livre em África, mas a efectivação deste propósito tem sido constantemente adiada.