A origem do conceito do Produto Interno Bruto (PIB) deve-se ao economista Simon Kuznets, a quem o Governo dos EUA pediu que encontrasse uma métrica que servisse para monitorar o impacto na economia das medidas tomadas para combater o efeito da grande depressão. Este conceito foi posteriormente aperfeiçoado por Richard Stone a quem se deve a primeira sistematização das contas nacionais.
A fórmula mais comum para calcular o produto de um país é a seguinte: PIB = C (Consumo) + G (Gastos do Estado) + I (Investimento) + (Exp (Exportações) – Imp (Importações)). Como se pode ver, é possível ter um PIB a crescer com muita contribuição das componentes G (Gastos dos Estado) e I (Investimento das empresas) e pouca da componente C (Consumo).
O próprio Kuznets parece nunca ter estado muito orgulhoso da sua criação, porque, no final do dia, a medida que teoricamente deveria reflectir sobre o bem-estar económico de um país acabou por traduzir o somatório de todos os bens e serviços que um país produz num ano, sem fazer a distinção entre a quantidade e a qualidade do crescimento.
Eis alguns mitos: O PIB não distingue actividades legais das ilegais. O PIB não é, por si só, sinónimo de bem-estar social e económico. E o crescimento do PIB tem, muitas vezes, efeitos colaterais perversos – quando, por exemplo, o seu crescimento é baseado em actividades que provocam a destruição do meio ambiente.
Quantas vezes acontece que o PIB de um país cresce, mas o sentimento das pessoas é de que a sua qualidade de vida diminuiu? Porque, embora o crescimento económico possa criar mais emprego, isso pode não representar uma melhor distribuição de renda. A desigualdade aprofundou-se muito nas últimas décadas. Um país pode crescer sem melhorar na mesma proporção a qualidade de vida das pessoas.
Por isso, há cada vez mais quem defenda acabar com o fetichismo do PIB, como diz o Nobel da Economia, Joseph Stiglitz. E por isso surgiram os conceitos de Índice de Desenvolvimento Humano (IDH), adoptado pela ONU e que incorpora o Índice de Gini e mais recentemente a Felicidade Interna Bruta (FIB), com origem no Reino do Butão.
Podemos, assim, concluir que só a análise conjunta de indicadores que reflictam o crescimento económico e o desenvolvimento humano permite avaliar com propriedade a qualidade do desenvolvimento integral de um país. Porque desenvolvimento não é apenas betão.
Leia o artigo completo na edição de Março, já disponível no aplicativo E&M para Android e em login (appeconomiaemercado.com).
Development is not just concrete
We have always been accustomed to characterizing Angola's development through the metric of Gross Domestic Product (GDP). But measuring a country's development through a single metric is misleading. This is the topic of this article.
The origin of the concept of GDP is associated with economist Simon Kuznets who was asked by the U.S. government to find a metric that would be used to monitor the impact of measures taken to counter the effect of the great depression on the economy. This concept was later refined by Richard Stone, to whom we owe the first systematization of national accounts.
The most common formula for calculating a country's output is as follows: GDP = C (Consumption) + G (Government spending) + I (Investment) + (Exp (Exports) - Imp (Imports)). Therefore, it is possible to have a growing GDP with a lot of contribution from the G components (Government Spending) and I (Business Investment) and little from the C (Consumption) component.
Kuznets himself, seems never to have been very proud of his creation, because at the end of the day the measure that theoretically should reflect the economic well-being of a country, ended up translating into the sum of all the goods and services that a country produces in a year, without making the distinction between the quantity and quality of growth.
Here are some myths: GDP does not distinguish legal from illegal activities. GDP is not, by itself, synonymous with social and economic well-being. And GDP growth often has perverse side effects - when, for example, its growth is based on activities that cause environmental destruction.
How often does it happen that a country's GDP grows, but people's feeling is that their quality of life has declined? Because while economic growth may create more jobs, this may not represent better income distribution. Inequality has deepened greatly in recent decades. A country can grow without improving people's quality of life in the same proportion.
For this reason, there are more and more people who advocate ending the GDP fetishism, as Nobel economist Joseph Stiglitz says. This is why the concepts of Human Development Index (HDI), adopted by the UN and which incorporates the Gini Index, and more recently the Gross Domestic Happiness (GNH), which originated in the Kingdom of Bhutan, have emerged.
We can thus conclude that only a joint review of indicators reflecting economic growth and human development can properly assess the quality of a country's integral development. Because development is not just concrete.
Read the full article in the Abril issue, now available on the E&M app for Android and at login (appeconomiaemercado.com).