O Banco de Moçambique (BoM) anunciou que a dívida pública do país, emitida internamente, atingiu novos máximos em Março, situando-se em 447,2 mil milhões de meticais (pelo menos 6,9 mil milhões de dólares), equivalente a 28,7% do Produto Interno Bruto (PIB).
De acordo com o relatório Situação Económica e Perspectivas de Inflação, consultado esta semana, pelo portal 360 Mozambique, trata-se de um aumento de 7,6% em três meses, correspondendo a um crescimento de 31,6 mil milhões de meticais (pelo menos 490 milhões de dólares), apenas na emissão de Bilhetes do Tesouro, dívida interna de curto prazo e adiantamentos do banco central.
Além disso, o BoM anunciou que o stock de Obrigações do Tesouro caiu 7,1 mil milhões de meticais (pelo menos 110,1 milhões de dólares), essencialmente porque não se registaram novas emissões desde Dezembro.
"Actualmente, os adiantamentos do banco central ao Estado totalizam 125,4 mil milhões de meticais (1,9 mil milhões de dólares)", refere o documento do Banco de Moçambique, que recentemente informou que a pressão sobre a dívida pública interna continua a piorar.
De acordo com a imprensa local, o alerta do BoM coincidiu com a decisão da agência de classificação financeira Standard & Poor's (S&P), que rebaixou as emissões de dívida pública interna daquele país para Inadimplência Parcial, devido a atrasos nos pagamentos aos credores e mudanças na emissão de dívida.
"Isso significa que ficamos com um instrumento de dívida quase especulativo. Se for especulativo, poucos investidores vão querer a sua carteira", explica o governador do BoM, Rogério Zandamela, citado pelo 360 Mozambique.
"Isso mina a confiança dos investidores, o que tem implicações para o acesso ao crédito externo para famílias, empresas e o Estado", acrescenta.