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Em 2021, Angola pode registar uma recessão de até 2% do PIB

Sebastião Vemba
2/9/2021
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Foto:
Carlos Aguiar

A previsão é do Centro de Estudos e Investigação Científica (CEIC) da Universidade Católica de Angola, no seu mais recente relatório económico.

Até final de 2021, a economia angolana poderá registar uma recessão de 1,8%, prevê o Centro de Estudos e Investigação Científica (CEIC) da Universidade Católica de Angola, no seu mais recente relatório económico sobre o país, referente a 2019 e 2020, apresentado ontem.

Entretanto, segundo o documento, em 2022, a economia poderá crescer 1,54%, contra 2,4% e 3,5% previstos pelo Fundo Monetário Internacional e pelo Banco Mundial, respectivamente. Para 2021, o FMI aponta um crescimento de 0,4%, ao passo que o BM prevê que a economia angolana cresça 0,9%. O governo angolano, por sua vez, aponta um crescimento de 0,0%.

Segundo o Relatório Económico de Angola 2019-2021, “as diferenças entre as fontes consideradas podem ser explicadas pelas características específicas dos modelos de previsão usados” e “pelo papel concedido à política orçamental e à política monetária, se mais restritivas ou menos expansionistas, equivalendo ao ‘confronto’ entre consolidação fiscal, estabilidade dos preços, crescimento económico, criação de emprego e melhoria de condições de vida”.

Segundo o economista e investigador Francisco Paulo, a conclusão a que chegaram não foi uma grande surpresa, embora houvesse alguma expectativa de melhoria, como resultado de algum programas em curso, em particular o PIIM (Programa Integrado de Intervenção nos Municípios), “que não ajudou a impulsionar o sector não petrolífero da economia”.

O especialista é de opinião que, para que se alcance um crescimento no sector não petrolífero, os investimentos sejam em infra-estruturas. Relativamente à indústria transformadora, afirmou que o desenvolvimento desse sector deve prever o fornecimento interno de matérias-primas.

Por sua vez, o director do Centro de Estudos e Investigação Científica (CEIC) da Universidade Católica de Angola, Alves Rocha, afirmou que, em Angola, não se regista eficácia concreta dos programas do Governo, em função do reduzido impacto económico e, mais importante, social. Para o economista, a crise que se vive no país não é de 2014, devido à queda do preço do petróleo. “Desde 2009, analisando os dados do INE, assistimos a uma desaceleração estrutural das dinâmicas de crescimento em Angola. Essa desaceleração agudizou-se, evidentemente, a partir de 2016. Não fomos capazes de congeminar políticas que colocassem o país numa trajectória dinâmica de crescimento”, afirmou.

Alves da Rocha, director do CEIC

A apresentação do Relatório Económico de Angola 2019-2020 contou, igualmente, com intervenções de outros especialistas que colaboraram na investigação, nomeadamente a Professora Catedrática Ana Duarte, o economista Manuel Alberto e a agrónomo Fernando Pacheco que criticou o facto de, no país, usar-se e abusar-se de alguns progressos “para  mostrar que estamos num paraíso”.