O Ministério do Comércio, por sua vez, reconhece asdificuldades.
A ausência de mapeamento das cadeias de produção do agro-negócio, o alto custo nos fretes, assim como a necessidade de se estabelecer políticas que promovam a intervenção do sector privado, juntam-se aos constrangimentos causados pela ausência de vias de comunicação. No entanto, os problemas do sector agravam-se também devido à dificuldade de acesso ao crédito para pequenos agricultores, revelaram fontes do sector à E&M.
De acordo com a Organização das Nações Unidas para a Agricultura e Alimentação, Angola é um dos cinco países com maior potencial agrícola em todo o mundo. O país tem 58 milhões de hectares de terra arável, estando em aproveitamento apenas 10% deste espaço, daí que se continue a importar 80% dos bens de consumo, segundo dados do Governo.
É nesta debilidade produtiva que muitas empresas encontram oportunidade para desenvolver a sua actividade de importação e distribuição de bens alimentares. O Grupo RPA e Filhos, empresa angolana com 30 anos de experiência, por exemplo, queixa-se do mau estado das estradas, “elemento de suma importância” no processo de distribuição de mercadorias dos centros urbanos para o interior, comentou Filipe Matos, director de Marketing do Grupo.
“A distribuição, por estar ligada à rede de transportes, encontra muitos obstáculos, dado ao mau estado das estradas. Temos dificuldade sem adquiri produtos agrícolas e pescado dos grandes centros de produção para os principais focos de consumo. Enquanto as rodovias permanecerem como estão, o cenário não altera e isto pesa no bolso do consumidor”, argumentou.
No entanto, nem sempre foi assim. Angola, até aos anos 1970, foi “famosa” pela sua capacidade de produção agrícola e respectiva distribuição e comercialização, por via de uma rede estruturada de transporte, auxiliada por locomotivas, que ligavam o litoral ao interior.
Entre o século XVIII e o princípio do século XIX, o país produzia e exportava produtos em larga escala e pelo mar, segundo o sociólogo e historiador Maciel Santos, autor do livro “Borracha e Tecidos de Algodão em Angola: O Efeito Renda”, onde destaca que as taxas de crescimento anual das exportações angolanas, até antes da independência, oscilavam entre 4% e 5,6%.
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