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Ex-ministro da Agricultura apela à criação de indústria de equipamentos para ‘fintar’ “dependência das enxadas”

Victória Maviluka
6/3/2025
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Foto:
DR

Afonso Pedro Canga realça existência de estratégias e planos de acção para desenvolvimento do sector, mas aponta para implementação das acções como ‘calcanhar de Aquiles’.

Os planos para colocar Angola na rota da produção agrícola desejável passam, entre outras frentes, pela criação de uma indústria nacional que produza bens e equipamentos para a agricultura e permita que o País deixe de depender, por exemplo, de chuvas e importações, defende Afonso Pedro Canga, ex-ministro da Agricultura.

Para o engenheiro agrónomo, o continente africano, e Angola em particular, precisa de ganhar terreno diante do atraso tecnológico que o seu sector da agricultura regista, de modo a libertar-se “da enxada e da charrua de tracção animal”.

Ao intervir, recentemente, em Luanda, no 'workshop' de lançamento da consulta pública para a elaboração da Estratégia Nacional de Reconversão dos Sistemas Agro-alimentares (ENRSA) 2026-2035, Afonso Pedro Canga destacou o lançamento no País de uma fábrica de fertilizantes.

Entretanto, o homem que liderou o Ministério da Agricultura entre 2007 e 2016 afirmou que, sem indústria nacional que produza bens e equipamentos para a agricultura, o País não atingirá as metas a que se propôs alcançar para a agricultura.

“Não chegaremos [lá]. Não podemos começar a importar o bico, o bebedouro, a corrente, a enxada, a mangueira. Precisamos de ter, também, um mercado nacional de imputes agrícolas ou de equipamentos agrícolas, já em alinhamento com a política nacional de mecanização agrícola, para podermos, de facto, dar corpo ao Plano Nacional de Irrigação”, disse.

O ex-ministro da Agricultura recordou que, há anos, o departamento ministerial promoveu um estudo e elaborou o Plano Nacional de Irrigação (Planirriga); e reforçou que, com equipamentos de pequena dimensão, não se consegue garantir uma “agricultura sustentável”.

“Estaremos sempre dependentes da chuva ou das importações”, disse, realçando, com preocupação, os dados dos mais recentes relatórios da União Africana (UA) em relação ao quadro de mecanização agrícola no continente.

“[Sobre] o uso de tractores na África Subsariana, que é a nossa região,  esse documento diz [que] 26 países têm menos de mil tractores em uso; seis países têm entre mil e dois mil tractores; dez países têm entre dois mil e 10 mil e seis têm entre 10 mil e 30 mil. Somente a África do Sul tem 67 mil tractores. Isso diz tudo [do] atraso tecnológico da nossa agricultura”, lamentou.

No encontro testemunhado por Isaac dos Anjos, actual ministro da Agricultura e Florestas, Afonso Pedro Canga sublinhou a existência de políticas, estratégias e planos de acção para o desenvolvimento do sector, mas apontou para a implementação das acções como o ‘calcanhar de Aquiles’.

Argumentou que os planos não devem obedecer a ciclos de governação, pelo que saudou o horizonte temporal definido para a implementação da Estratégia Nacional de Reconversão dos Sistemas Agro-alimentares (ENRSA) 2026-2035.

O engenheiro agrónomo defendeu uma maior aposta no financiamento para a agricultura: “Muita gente pensa que, com pouco dinheiro, a gente faz agricultura. Não é verdade. O desenvolvimento custa dinheiro. (6:32) E para termos agricultura sustentável, para resolver os nossos problemas de alimentação, de industrialização e de desenvolvimento, precisamos de gastar dinheiro, gastar no sentido de investir”.