Centros de inovação como mecanismos de transformação e sustentabilidade das cidades de Angola
No âmbito da II edição "Angola Startups Summit-2023,” sob o lema “Inovação e Tecnologia como vectores de imersão das startups em Angola”, fui convidado para falar numa das conferências - que não chegou a acontecer - sobre o tema “Centros de inovação como mecanismo de transformação das cidades - como criar um ecossistema de inovação que apoie e desenvolva os municípios”.
Desde ontem, dia 10 de Agosto, todas as atenções estão viradas para a 4.ª Feira dos Municípios e Cidades de Angola (FMCA), que decorrerá pela primeira vez no Lubango, até 13 de Agosto. A Feira dos Municípios e Cidades de Angola, também conhecida como FMCA, é um evento que reúne representantes de municípios e cidades em Angola para compartilhar informações sobre seus respectivos territórios, programas, projectos e oportunidades de investimento.
A FMCA pretende incentivar o desenvolvimento local em todo o país, bem como promover a cooperação e o intercâmbio entre diferentes cidades e municípios em Angola. Durante o evento, os participantes podem participar de palestras, exposições, reuniões de negócios e outras actividades que ajudam a mostrar as melhores práticas e experiências de municípios e cidades que alcançaram sucesso em áreas como infra-estrutura, turismo, agricultura, educação, etc.
O evento é organizado pelo Ministério da Administração do Território, em coordenação com os governos provinciais. A FMCA pode ser vista como uma oportunidade única para descobrir oportunidades de negócios, investimento e cooperação, bem como para conhecer as potencialidades de cada município e cidade em Angola.
Por isso, achei pertinente lançar alguns tópicos, na qualidade de um Ecosystem Builder e Director do Centro de Inovação Social e Incubação da Universidade Católica de Angola, para uma reflexão em torno do tema epígrafe e ver as possibilidades da sua efectivação, tendo em vista os benefícios dos ecossistemas de inovação no apoio e desenvolvimento sustentável dos municípios e cidades de Angola, mediante a criação de Centros de Inovação.
Ora, um ecossistema de inovação é um ambiente que favorece a criação, o desenvolvimento e a difusão de novas ideias, tecnologias e modelos de negócio, por meio da colaboração entre diferentes agentes, como empresas, universidades, startups, governos, investidores e comunidades locais.
A FMCA pretende incentivar o desenvolvimento local em todo o país, bem como promover a cooperação e o intercâmbio entre diferentes cidades e municípios em Angola. Durante o evento, os participantes podem participar de palestras, exposições, reuniões de negócios e outras actividades que ajudam a mostrar as melhores práticas e experiências de municípios e cidades que alcançaram sucesso em áreas como infra-estrutura, turismo, agricultura, educação, etc.
Pode-se criar um ecossistema de inovação, obedecendo às seguintes etapas:
● Identificar os actores-chave que podem contribuir para a inovação em cada município e cidade, como empreendedores, pesquisadores, gestores públicos, líderes comunitários, entre outros.
● Estabelecer uma visão compartilhada e objectivos comuns entre os atores, alinhados com as necessidades e oportunidades locais.
● Criar mecanismos de comunicação, cooperação e coordenação entre os actores, como redes, plataformas, eventos, fóruns, etc.
● Prover recursos e infra-estrutura adequados para apoiar as actividades de inovação, como financiamento, espaços físicos, equipamentos, serviços, etc.
● Desenvolver uma cultura de inovação que estimule a experimentação, o aprendizado contínuo e a aceitação do risco.
● Monitorizar e avaliar os resultados e impactos das acções de inovação, usando indicadores relevantes e feedbacks dos envolvidos.
Alguns benefícios de um ecossistema de inovação são:
● Aumentar a competitividade e o crescimento económico dos municípios e das cidades.
● Gerar soluções para problemas sociais e ambientais locais.
● Criar empregos e oportunidades para os cidadãos.
● Melhorar a qualidade de vida e o bem-estar das pessoas.
● Reduzir o êxodo rural, promover autonomia local e bem-estar social.
● Melhor gestão de aspectos demográficos e de políticas de retenção e desenvolvimento do capital humano local.
Existem alguns exemplos de ecossistemas de inovação que podem servir de inspiração para Angola, basta constatar o que está acontecer no Brasil e em Portugal, só para citar algumas realidades próximas e como modelos de sucesso:
A solução que propomos para a efectivação de um ecossistema de inovação nos municípios e cidades de Angola, mediante a criação de Centros de Inovação, além de promover a geração, a difusão e a aplicação de novas ideias, tecnologias e soluções para os desafios das cidades. Eles podem ser mecanismos de transformação das cidades de Angola, se forem bem planeados, implementados e integrados ao contexto local. Pois, entre desafios e benefícios teremos mais vantagens em termos de sustentabilidade dos municípios e um alinhamento eficaz com as aspirações da Estratégia Angola 2050, que coloca no centro da sua prioridade a questão do Desenvolvimento do Capital Humano, que neste contexto pode ter melhores possibilidades de se desenvolver e estar preparado para os desafios da Economia Digital e o trabalho do Futuro, por via de municípios e cidades sustentáveis.
Um ecossistema de inovação é um ambiente que favorece a criação, o desenvolvimento e a difusão de novas ideias, tecnologias e modelos de negócio, por meio da colaboração entre diferentes agentes, como empresas, universidades, startups, governos, investidores e comunidades locais.
Se não, vejamos alguns benefícios dos centros de inovação:
● Estimular o empreendedorismo, a criatividade e a competitividade dos agentes locais, como empresas, universidades, startups, governos e comunidades.
● Atrair talentos, investimentos e parcerias nacionais e internacionais para o desenvolvimento urbano sustentável.
● Resolver problemas sociais e ambientais das cidades, como mobilidade, segurança, saúde, educação, energia e resíduos.
● Melhorar a qualidade de vida e o bem-estar dos cidadãos, por meio de serviços públicos mais eficientes, inclusivos e participativos.
Só para citar alguns. Os passos a serem observados antes da implementação, são os mesmos a serem considerados na criação do ecossistema de inovação.
Para concluir, deixamos aqui alguns subsídios de como construir na prática os respectivos Centros de Inovação, ou responder a questão sobre qual seria a abordagem que podemos introduzir, para concretizar essas premissas na criação de um ecossistema de inovação capaz de apoiar o desenvolvimento dos municípios e cidades, sem grandes investimentos ou sem tanto “dinheiro”:
1 Inovação pode ser: resolver o mesmo problema, mas de forma diferente, buscando cada vez mais eficiência e eficácia nas soluções. Por isso precisamos antes de executar algum processo de inovação considerar que:
a. Enquadrar um problema de forma certa é a única maneira de criar uma solução certa;
b. A inovação transforma as cidades, quando o empreendedorismo é uma das formas de agir do governo da cidade;
c. Quando o Governo Local desenvolve uma visão empreendedora e dá lugar a inovação, na busca das melhores práticas governativas, haverá melhoria das Políticas Públicas, promoção da Inclusão Social e prevenção de Riscos Sociais.
2 Image DESIGN THINKING é uma ferramenta poderosa e pode nos ajudar a construir os modelos de inovação das Cidades e Municípios que queremos e enquadrar na forma certa de fazer e implantar a presente abordagem. Empatia, Definição, Ideia, Protótipo e Teste; é a maneira certa de começar, se queremos fazer de forma certa.
3 Esta abordagem nos ajuda a Construir Pilares Essências que SUSTENTAM os Ecossistemas de Cidades e Municípios Inovadores, de forma exemplificativa, podemos indicar os seguintes:
a. Estratégia: primeiro considerar os porquês? Que nos vão ajudar a definir a: visão, missão, acções a curto e longos prazos e um ponto de partida (o que fazer agora, com o que se tem);
b. Infra-estruturas institucionais – (a inovação acontece onde há estruturas de suporte a inovação que se busca);
c. Educação Integrada (currículos de educação prática em empreendedorismo em todos os níveis do subsistema de ensino e aprendizagem);
d. Alcance: fazer local e pensar global;
e. Recursos, Entradas e Restrições (ambiente de negócio);
f. Desenvolvimento (transformação e competitividade).
Esses 6 pilares, se forem desenvolvidos a partir dos Centros de Inovação dos Municípios e das Cidades de Angola, não temos dúvidas que chegarão nas casas das famílias, nas micros, pequenas, médias e grandes empresas locais e em função do seu tempo de implantação poderá se tornar uma cultura nacional e nisso resultar o desenvolvimento que se alcança com o último pilar.
Como em tudo há sempre princípios, alguns dos princípios que podemos deixar aqui, para o sucesso nessa abordagem, havendo possibilidades de implantação é:
I. Começar com que há nas mãos é melhor do que tentar alcançar dois pássaros a voar;
II. Perda mínima é acessível e tolerável para uma boa execução do 2º passo;
III. Princípio da limonada: faça a refeição e uma boa refeição, com que há na geleira;
IV. Manta de retalho: a abertura mobiliza parcerias;
V. Piloto no avião: focar-se no que se tem controlo, não é estar isento de incertezas, mas é um mecanismo de agir de forma preventiva, através do que temos sob controlo.
Com esses princípios cada município, cada cidade e província de Angola, pode começar a desenvolver um Ecossistema de Inovação, mesmo sem “Dinheiro”. Funciona e sabemos como pode funcionar.
“A vida faz-se nos Municípios“ e se for com um ecossistema de inovação, pode haver desenvolvimento local e sustentável, transformação dos desafios locais em mais oportunidades de negócios, investimentos e cooperação.
Espero que a 4ª Edição da FMCA 2023 consiga alcançar os seus objectivos e que crie oportunidades de desenvolvimento de ecossistemas de inovação por meio de Centros de Inovação, visando apoio no desenvolvimento local e sustentabilidade dos municípios e cidades de Angola.