Mais de 1.500 criminosos que cumpriam penas em Moçambique fugiram de uma prisão, nesta quarta-feira, 25, agudizando, assim, o sentimento de insegurança no país que vive um clima de violentas manifestações de rua contra os resultados das eleições gerais de Outubro deste ano.
De acordo com a ministra da Justiça moçambicana, Helena Kida, a evasão de reclusos da Cadeia Central de Maputo foi orquestrada a partir de dentro da unidade penitenciária.
“Começou a haver esta convulsão da parte de dentro do estabelecimento para fora. A notícia que dá a indicação de que houve manifestantes do lado de fora não é verídica. Não foi essa a situação. A situação foi mesmo de dentro do estabelecimento penitenciário, onde houve esta agitação”, explicou a governante, citada pelo moçambicano O País.
Já o Comandante-geral da Polícia da República de Moçambique (PRM) informou que 150 reclusos foram recuperados, 33 morreram e 15 ficaram feridos.
Bernardino Rafael observou que, caso os criminosos não retornem à cadeia, o índice de criminalidade na cidade e província de Maputo poderá aumentar nos próximos dias.
Os tumultos no país ganharam proporções alarmantes na segunda-feira, 23, após o anúncio pelo Conselho Constitucional da confirmação da vitória da Frelimo, contra os anseios de Venâncio Mondlane, da oposição, que lidera, desde Outubro, as manifestações contra uma alegada fraude eleitoral.
Os resultados anunciados pelo CC mostraram-se relativamente distintos dos proclamados pela Comissão Nacional de Eleições (CNE) após o pleito, tendo o candidato da Frelimo, Daniel Chapo, visto a percentagem reduzir de 70,67% para 65,17% dos votos.
Assim, em segundo lugar ficou Venâncio Mondlane, do Podemos, 24,19% dos votos (contra os 20,32% anteriores); em terceiro ficou Ossufo Momade, da Renamo, com 6,62%, enquanto o líder do Movimento Democrático de Moçambique (MDM), Lutero Simango, obteve 4,02%.
Mondlane, que tem organizado uma série de protestos contra suposta fraude eleitoral, prometeu avançar com novas manifestações — uma nova fase chamada ‘Turbo V8’ —, caso o Conselho Constitucional não reconhecesse os resultados da contagem paralela.
Entretanto, nos últimos dias, estas manifestações têm-se traduzido na destruição e pilhagem de bens privados, o que já levou VM a apelar aos seus seguidores para protecção de bens privados, atribuindo, contudo, estas acções a supostas artimanhas dos militantes do partido no poder há quase 50 anos, a Frelimo.