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PATROCINADO

O Grande Empecilho para a Integração Económica Africana

Deslandes Monteiro
10/4/2023
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Foto:
Carlos Aguiar

Muito se tem dito sobre a necessidade de serem criadas e implementadas medidas para melhorar a integração económica africana, permitindo um incremento das trocas comerciais entre países africanos.

Este objectivo, que esteve na base da criação da Zona de Comércio Livre Africana e de outros acordos comerciais bilaterais e multilaterais, tem enfrentado inúmeros impedimentos para a sua efectivação, devido aos vários entraves que dificultam a relação comercial entre os países africanos.

No caso de Angola, por exemplo, as trocas comerciais com os países africanos representam somente 3,4% do total do comércio externo, realidade muito similar noutros países africanos, que têm maior facilidade em efectuar trocas com países mais deslocados geograficamente do que com países vizinhos.

Dentre os vários entraves ao desiderato de incrementar as trocas comerciais intra-africanas, estão a ausência de um sistema de pagamentos em moeda única, a falta de competitividade, o fraco intercâmbio empresarial e a inexistência de canais preferenciais, sendo que deve merecer um maior destaque a problemática das ligações aéreas entre países africanos, havendo, de momento, uma enorme dificuldade para se movimentar de um país africano para outro.

A carência de hubs de nível internacional na África Austral, à excepção do Aeroporto de Addis Abeba, na Etiópia, e de certa forma também o Aeroporto de Joanesburgo, na África do Sul, e de Nairobi, no Quénia, evidencia a falta de pontos de ligação entre os países africanos, o que tem provocado uma enorme desconexão regional, não sendo raros os casos em que para ir de um país africano para outro seja necessário sair do continente para depois voltar a entrar. Rotas como Paris, Turquia, Dubai, Bruxelas e Frankfurt, são cada vez mais utilizadas como itinerário para alcançar um país africano.

Um dos requisitos essenciais para o nascimento do interesse em fazer negócio com outro país é o contacto entre as populações. O contacto gera conhecimento, e o conhecimento é um dos elementos propulsores da manifestação de interesse económico-comercial. E este contacto só pode acontecer caso existam vias de comunicação entre um país e outro.

Para a tão almejada integração económica africana, é indispensável haver uma maior conexão entre os países, um maior contacto, e para tal, o investimento em aeroportos, aeroplanos, rotas directas e facilitação de vistos representa uma condicio sine qua non. Sem isso, a integração económica africana continuará a ser uma mera conversa.

Leia o artigo completo na edição de Abril, já disponível no aplicativo E&M para Android e em login (appeconomiaemercado.com).

The Major Hurdle to African Economic Integration

Much has been said about the need to create and implement measures that may improve African economic integration, allowing for an increase in trade between African countries, with a consequent positive impact on the balance of trade, production and competitiveness at the regional level.

Achieving this objective, which was the basis for the creation of the African Free Trade Area and other bilateral and multilateral trade agreements, has been difficult due to the various obstacles that hinder trade relations between African countries.

In the case of Angola, for example, trade with African countries represents only 3.4% of total foreign trade. The case is very similar in other African countries, which find it easier to trade with more geographically displaced countries than with neighboring countries.

Among the various obstacles to increasing intra-African trade are the absence of a payment system in a single currency, lack of competitiveness, poor business exchange, and the absence of preferential channels. One of the most pressing issues is related to air connections between African countries, since it is currently very difficult to travel from one African country to another.

The lack of international hubs in Southern Africa, with the exception of Addis Ababa Airport in Ethiopia, and to some extent also Johannesburg Airport in South Africa and Nairobi Airport in Kenya, is evidence of the lack of connection points between African countries, which has caused a huge regional disconnection. When going from one African country to another, it is not uncommon to have to leave and then re-enter the continent. Routes such as Paris, Türkiye, Dubai, Brussels, and Frankfurt are increasingly used as a route to reach an African country.

One of the essential requirements to generate interest in doing business with another country is contact between people. Contact generates knowledge, and knowledge is one of the elements that drives economic-commercial interest. And this contact can only happen if there are communication routes between countries.

For the much-desired African economic integration, more connection between countries is indispensable, and for this to happen, investment in airports, airplanes, direct routes and visa facilitation is a sine qua non condition. Without this, African economic integration will remain mere words.

Read the full article in the April issue, now available on the E&M app for Android and at login (appeconomiaemercado.com).