Desde 2015, este grupo paramilitar constituído por mercenários é um dos protagonistas da estratégia russa no conflito civil da Síria, palco do confronto de interesses de vários países.

Na Síria, o Grupo Wagner começou por proteger poços de petróleo e gás natural, bem como treinar soldados sírios e milicianos favoráveis ao Governo. Posteriormente, passou a participar em acções de combate em Alepo, Palmira, e em outras campanhas militares.

O rosto visível do Grupo Wagner tem sido o oligarca Yevgeny Prigozhin, em estreita articulação com o Kremlin e Vladimir Putin, as suas principais fontes de financiamento.

A estratégia de intervenção russa em África passa cada vez mais pelo Grupo Wagner, com presença garantida em países como Líbia, Sudão, República Centro Africana, Mali, Madagáscar. Suspeita-se também da sua presença na Guiné-Conacri, Burkina Faso, RDC e Zimbabwe.

O Grupo Wagner é hoje um suporte de regimes autoritários em África, sendo um dos motores de muitos dos golpes militares que se repetem no nosso continente.

A sua presença em países africanos é marcada pela exploração desordenada de recursos minerais estratégicos, depauperando ainda mais tais países – em especial no Norte de África, na região do Sahel e na África Ocidental.

Uma das suas marcas distintivas é o uso da violência extrema, provocando a debandada de enormes quantidades de pessoas, cujo resultado já é o aumento do fluxo de migrantes em busca de refúgio na Europa. É visto mesmo como um autêntico flagelo.

Com a assinalável degradação da relação entre as chefias militares russas e o líder do Grupo Wagner na guerra da Ucrânia, Yevgeny Prigozhin manifestou, há poucos dias, a intenção de voltar às suas principais atenções para o nosso continente, concentrando aqui as suas forças e energias. Com esse redireccionamento, adivinha-se, claramente, um crescimento exponencial da instabilidade política e social em África.

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