O representante da OMS, em Angola, Javier Aramburu, disse, em declarações à agência portuguesa de notícias (Lusa), que há necessidade de se levar a cabo uma investigação antes de declarar transmissão comunitária, apesar de o país ainda está num cenário de transmissão local com casos esporádicos da Covid-19.
O pedido do órgão surge depois de um caso suspeito que resultou na terceira morte registada no quadro da pandemia no país, anunciado na segunda-feira, 18, pelo secretário para a Saúde Pública, Franco Mufinda, na habitual actualização de dados.
Neste sentido, o representante da OMS adiantou que, para haver transmissão comunitária, é necessário que ocorram vários ciclos de contágio durante algum tempo (pelo menos, um mês) e que não foram identificados.
“Ainda estamos a tempo de conter a transmissão. Angola, neste momento, está numa fase de transmissão local com casos esporádicos. Para dizer que já se passou a outro cenário é necessário fazer uma pesquisa pormenorizada e muito rigorosa”,adiantou Javier Aramburu, citado pela Euronews.
Neste momento é o que está a ser feito pelo ministério da Saúde angolano (MINSA), com apoio da OMS, esse é o procedimento correto, acrescentou o mesmo responsável, estimando que estejam disponíveis resultados preliminares ainda hoje.
“É preciso esperar pelos resultados para definir as medidas de intervenção mais adequadas”, salientou o especialista.
Segundo as autoridades sanitárias angolanas, os mais recentes casos de infeção são uma mulher, de 25 anos, enfermeira num dos centros de tratamento do sector privado e um homem de 82 anos, com várias patologias, incluindo doença pulmonar obstrutiva crónica, que morreu poucas horas depois de dar entrada na unidade de saúde.
Franco Mufinda disse que este homem tinha regressado de Portugal no mês de fevereiro, numa altura em que não se registavam ainda casos de Covid-19 e “há todo um trabalho à volta do mesmo” para apurar possíveis ligações a outros contactos.
Angola regista até agora 50 casos confirmados de infeção pelo novo coronavírus, dos quais três óbitos, 17 recuperados e 30 ativos em situação clínica estável.
Entre estes, 22 são de transmissão local, faltando ainda o enquadramento do caso anunciado na segunda-feira.
Até ao momento foram recolhidas 6.605 amostras, das quais 50 positivas, 6.508 negativas e 547 em processamento.
Há 442 casos suspeitos investigados até à data e mais de mil contactos a ser seguidos, encontrando-se a cumprir quarentena institucional 1214 pessoas.