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Um discurso cheio de nada

Ladislau Neves Francisco
18/10/2021
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Foto:
DR

Recentemente, o Presidente da República João Manuel Gonçalves Loureço proferiu o discurso do Estado da Nação. Um discurso que é especial por ser o último do seu governo que começou em 2017.

Um discurso fraco, que revela um PR que prefere jogar no seguro, falar de tudo, em vez de focar em três ou quatro pontos de destaque. Enfim, o discurso de João Lourenço não aqueceu nem arrefeceu. Falou de tudo, mas disse nada sobre qualquer coisa.

É que o PR limitou-se em fazer uma espécie de leitura de um relatório, com umas e outras comparações, como no sector das energias e na economia, em que, soube-se, os megawatts e os défices, foram melhores que do ano anterior. Nada mais que isso. Não trouxe emoção. Não transmitiu esperança, nem quando falou da COVID-19 que nas entrelinhas percebeu-se, atrapalhou a governação.

Das poucas verdadeiras ideias no longo discurso, o saltou esta: “Assimetria combate-se com poder local”. Uma ideia forte, interessante, mas no mínimo incompleta. É que não basta a institucionalização do poder local, são necessárias estratégias e materialização de boas políticas públicas.

O discurso foi tão longo, que teve espaço para tudo, inclusive mentiras, ou, para que não seja tão ofensivo, inverdades. Numa das passagens, o PR referiu que graças a boa gestão, a Moody’s reviu em alta a notação de risco de Angola. O que é no mínimo, (e esse mínimo com todo exagero) uma inverdade, já que, no centro da revisão positiva de Caa1 para B3 assenta fundamentalmente a subida e relativa estabilização do preço do petróleo, principal fonte de receita do país.

Outra (no mínimo) inverdade, foi relacionada as transações cambiais que na visão do PR “tornaram-se mais seguras e previsíveis”. Não sesabe em que dados se fundamentou a afirmação, mas é caso para dizer, cada um vê o país com os olhos que tem.

Em meio a tanta coisa, finalmente uma boa verdade, “desde Novembro de 2020 que o kwanza está estável”, disse. E é verdade. O kwanza não está fortecomo devia ou queríamos, mas sim, desde já algum tempo, que está bem mais estável.

Enfim, esse é o «filme» de um discurso que ficou limitado em trazer dados. Explicar o que foi feito, o que será feito. Uma estratégia que como referimos acima, revela a posição defensiva, o jogar no seguro, sim, foi um discurso que descreveu o Estado da Nação, mas não tocou, não mostrou as ideias do PR para nos tirar da situação de aperto. É que como que um pai que tem sempre soluções, esperamos do PR soluções para os nossos problemas, mas não, neste e em todos até aqui, JLO trouxe-nos um discurso cheio de nada.