Prover sustento próprio e para terceiros é a condição pela qual todos os cidadãos lutam diariamente. Contudo, o actual quadro económico adverso reforça a mensagem de que as coisas não vão melhorar tão cedo, se é que vão.
Contar com a capacidade de adaptação às circunstâncias é um eufemismo para a lei da sobrevivência, a selecção natural diante da qual o homem pode perder a racionalidade. As perspectivas económicas não são animadoras, o custo de vida irá agravar-se com ou sem redução dos subsídios aos combustíveis.
Semelhante aos anos anteriores, em 2023 os angolanos trabalharam, praticamente, para comer, pois foi na classe dos alimentos e bebidas não-alcoólicas em que se sentiu mais o impacto da alta generalizada dos preços, de acordo com dados do Instituto Nacional de Estatísticas.
As medidas constantes do Programa de Alívio Económico, recentemente aprovadas pela Comissão Económica, e como o nome sugere “alívio”, não são a solução para os males vindouros, são paliativas e já vêm tarde. Contudo, a sua implementação, o acompanhamento e o reforço (será necessário acreditarem) devem ser céleres, pois estamos diante de um quadro novo de insatisfação popular, as pilhagens.
Em 2022, o FMI alertou para o risco de convulsões sociais e políticas para os países subdesenvolvidos de África, e, assim, aconteceu. Em Angola, as manifestações deram lugar aos motins, mas a nova ameaça (pilhagens) é mais nefasta e difícil de conter com baixas perdas humanas e materiais.
Países como Zimbabwe e África do Sul enfrentaram este mal. A experiência foi desagradável. O uso da força não é o antídoto ideal, pois violência gera violência.
E, quando o agressor perceber que também é uma vítima do contexto, a questão que se coloca é para onde será canalizada tanta revolta? Quais serão os custos, em que medida afectará a atracção de investimento e a promoção dos já existentes? Estamos dispostos a arcar com estes custos?
Portanto, urge sinalizar os cidadãos que as medidas para reverter o actual quadro económico terão efeito na vida prática dos mesmos, a começar pelo “alívio económico”.
Leia o artigo completo na edição de Dezembro, já disponível no aplicativo E&M para Android e em login (appeconomiaemercado.com).
The prophecy of the apocalypse
The power to purchase goods and services gives taxpayers human dignity. Bing able to provide for oneself and others is what all citizens strive for on a daily basis. However, the current adverse economic situation reinforces the message that things will not get better any time soon, if ever.
Relying on the ability to adapt to circumstances is a euphemism for the law of survival, the natural selection against which man can lose his rationality. The economic outlook is not encouraging, the cost of living will rise with or without a reduction in fuel subsidies.
Like in previous years, in 2023 Angolans practically worked to eat, since it was in the food and non-alcoholic beverages sector that the impact of the generalized price hike was felt most, according to data from the National Statistics Institute.
The measures contained in the Economic Relief Program, recently approved by the Economic Commission, and as the term "relief" itself suggests, are not the solution to the ills to come; they are palliative measures and feel like too little, too late. However, their implementation, monitoring and reinforcement (it will require faith) must be swift, because we are facing a new scenario of popular dissatisfaction: looting.
In 2022, the IMF warned of the risk of social and political upheaval in the underdeveloped countries of Africa, and so it happened. In Angola, demonstrations have given way to riots, but the new threat (looting) is more damaging and more difficult to contain without significant loss of human lives and property.
Countries like Zimbabwe and South Africa have faced this evil. The experience was unpleasant. The use of force is not the ideal antidote, because violence begets violence.
And when the aggressor realizes that he is also a victim of the context, the question becomes: where will so much revolt be channeled? What will the cost be, and to what extent will it affect the attraction of investment and the promotion of existing investment? Are we willing to bear this cost?
It is therefore urgent to convince people that the measures to reverse the current economic situation will have an impact on their daily lives, starting with "economic relief".
Read the full article in the December issue, now available on the E&M app for Android and at login (appeconomiaemercado.com).