Recentemente, a fórmula sofreu algumas “mutações” com o acréscimo de outras variáveis, tornando-a mais complexa, e, por essa razão, pouco utilizada nas alises globais.
Mas, quando a fórmula de Okun é aplicada à realidade angolana, o país assume um índice de 50%, que resulta da soma entre a taxa de desemprego de 30%, segundo dados do Instituto Nacional de Estatísticas (INE), e a taxa de inflação prevista pelo Banco Nacional de Angola (19,5%).
Na óptica de Okun, o limite aceitável é um índice de miséria em torno dos 10%, podendo os factores variarem sem que a soma ultrapasse este marco. Neste sentido, para Angola, as políticas públicas devem estar voltadas para reduzir em pelo menos 40 pontos percentuais a miséria.
Não apenas para ficar bem na fotografia internacional, como parece ser o foco das nossas políticas, mas também, e acima de tudo, por se tratar de indicadores que, quando ultrapassam os 5% (há quem defenda mais e outros menos), se tornam nocivos ao bem-estar das famílias, quer pela corrosão do poder aquisitivo, quer pela insegurança quanto ao futuro.
O país vive há tanto tempo envolto num ambiente miserável, que essa condição se tornou “normal”, tanto para quem governa quanto para quem recai a governação. Ambicionamos muito, mas alcançamos pouco. Volta e meia, surgem programas pontuais para repor o poder de compra do cidadão, mas para que níveis? Quais são as métricas?
Reduzir a inflação a um dígito voltou a ser uma missão de médio e longo prazos, de acordo com o governador do BNA na última reunião do Comité de Política Monetária, isto é, daqui a 3 ou 10 anos. Sair da miséria não parece ser tão urgente assim, principalmente quando se está do lado certo da mesa.
Políticas centradas em ter a melhor qualidade de vida da África Subsariana são mais sustentáveis em relação às iniciativas de termos os maiores hospitais, aeroportos, barragens e cemitérios da região.
Misery index, the blurred focus
The Misery Index, an indicator created by American economist Arthur Okun (1928-1980), is the sum of the inflation rate and the unemployment rate. Recently the formula has undergone some "mutations" with the addition of other variables, making it more complex, and for this reason little used in global analyses.
But when Okun's formula is applied to the Angolan reality, the country assumes an index of 50%, which results from the sum of the 30% unemployment rate, according to data from the National Statistics Institute (INE) and the inflation rate forecast by the National Bank of Angola, 19.5%.
In Okun's view, the acceptable limit is a misery index of around 10%, but the factors can vary without the sum exceeding this mark. In the case of Angola, public policies should be aimed at reducing poverty by at least 40 percentage points.
This should be done, not just to look good in the international landscape, as seems to be the focus of our policies, but above all because these are indicators which, when they exceed 5% (there are those who advocate more and others who advocate less), become harmful to the well-being of families, both because of the reduction of purchasing power and because of insecurity about the future.
The country has lived in a miserable environment for so long that this condition has become "normal", both for those who rule and for those who are ruled. We aspire too much but achieve too little. There are occasional programs to restore citizens' purchasing power, but to what levels? What are the metrics?
Reducing inflation to single digits has once again become a medium and long-term mission, according to the BNA governor at the last Monetary Policy Committee meeting, i.e., in 3 or 10 years' time. Getting out of poverty doesn't seem so urgent, especially when you're on the right side of the table.
Policies focused on having the best quality of life in sub-Saharan Africa are more sustainable than initiatives to have the biggest hospitals, airports, dams and even cemeteries in the region.