O discurso da guerra como o principal obstáculo do desenvolvimento do país, está caducadíssimo. Também está caducado, embora alguns governantes ainda insistam nele, o discurso da baixa do preço do petróleo como a principal causa da crise económica e financeira que Angola enfrentou nos últimos três anos e da qual se ressentirá, segundo estimativas de especialistas, pelo menos até 2021. Todos sabemos que a deficiência, e alguma irresponsabilidade, na gestão dos recursos disponíveis foi muito mais gravosa, na medida em que se este elemento estivesse devidamente acautelado o impacto da crise seria menor.
Aliás, o Governo tinha em curso um plano de desenvolvimento, executado de 2013 a 2017, que surgiu do sufrágio de 2012, no âmbito do qual foram definidos programas nos mais diversos sectores. No entanto, passados estes anos, ainda não foi feita uma avaliação exaustiva do grau de execução dos programas, embora se esteja disposto, segundo o discurso oficial, a corrigir o que está mal e melhorar o que está bem. Se a intenção é recomeçar da estaca zero, que assim seja. Entretanto, para já, o primeiro erro a ser corrigido é o emaranhado de programas isolados que são definidos e não beneficiam do devido acompanhamento e fiscalização, independentemente do volume de recursos financeiros que lhes são alocados.
Alegra-nos, entretanto, que o combate à corrupção esteja no topo das prioridades, na medida em que se reconhece que esta é uma “prática que fragiliza as instituições democráticas e que mina a confiança dos cidadãos e dos investidores (nacionais e estrangeiros) no aparelho do Estado”.
Depois de um jogo de cadeiras animado, que ajudou a melhorar a imagem do país lá fora e a recuperar a confiança do povo e das instituições da sociedade civil no Governo, as expectativas em relação ao cumprimento das promessas eleitorais e dos programas em cursos elevaram-se. Obviamente que, como defendem os docentes universitários Alves da Rocha e Manuel Ennes Ferreira, a reestruturação do Estado e da economia, bem como a sua diversificação, não estão ao virar da esquina. O alcance deste objectivo exige que se percorra um caminho de per si desafiante, atendendo aos actuais constrangimentos infra-estruturais e aos interesses políticos e económicos nocivos instalados, que não serão ultrapassados apenas com boas intenções e vontade política, mas também com recursos financeiro significativos. Sendo assim, não nos esqueçamos que esses rarearam nos últimos anos, o que quer dizer que, daqui em diante, as acções de fiscalização dos actos do Governo devem ser implacáveis, pois o mínimo erro que se cometer, ou que não for corrigido, representará um alto custo para o país. Alegra-nos, entretanto, que o combate à corrupção esteja no topo das prioridades, na medida em que se reconhece que esta é uma “prática que fragiliza as instituições democráticas e que mina a confiança dos cidadãos e dos investidores (nacionais e estrangeiros) no aparelho do Estado”.