A Aliança dos Estados do Sahel (Mali, Burkina Faso e Níger) decidiu aplicar uma taxa de 0,5% sobre os produtos importados da Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental (CEDEAO), anunciou, recentemente, a organização africana, em comunicado.
O objectivo da respectiva medida, explicou a Aliança, visa obter receitas financeiras para financiar as actividades do grupo de três países governados por juntas militares, que chegaram ao poder pela força (golpe de estado).
Todos os produtos importados da CEDEAO serão taxados, excepto as ajudas humanitárias, encerrando assim longas décadas de comércio livre naquela região da África Central. Analistas acreditam que a medida irá aprofundar a crise entre o bloco regional e os países que compõem a Aliança do Sahel.
A barreira aduaneira recentemente introduzida pelos integrantes da Aliança dos Estados do Sahel, de acordo ainda com analistas, poderá ter impacto nas economias do Ghana e Nigéria, principalmente na relação comercial com o Níger, considerado um mercado para os produtos nigerianos.
O posicionamento dos países do Sahel, avançam especialistas, sinaliza mudanças geopolítica em curso na África Ocidental, iniciada em 2024 com a saída do Mali, Burkina Faso e Níger da CEDEAO por, alegada, falta de apoio do bloco regional no combate às insurgências islâmicas.
A CEDEAO também foi criticada pelo Mali, Burkina Faso e Níger por, supostamente, fazer pouco para os ajudar a transpor os desafios de segurança mais complexos.
As juntas militares nos três países estão vivas, apesar das sanções económicas impostas pelo bloco económico regional para os pressionar a entregar o poder aos civis. Mas, são respeitadas pelos povos dos respectivos Estados, principalmente no Burkina Faso, do presidente Ibrahim Traoré.
Face às investidas do bloco regional contra as juntas militares, os governos dos países que compõem a Aliança dos Estados do Sahel intensificaram os esforços para estabelecer estruturas políticas e económicas independentes.