As economias emergentes, incluindo a de Angola, enfrentam desafios singulares para usufruir plenamente dos benefícios da transformação e revolução tecnológica, afirma Marília Poças, administradora do Banco Nacional de Angola (BNA).
Para a responsável, que proferia o discurso de abertura na VII Conferência E&M sobre Transformação Digital, sob o tema 'Estratégia Nacional para a Inclusão Digital e Financeira’, em causa estão as Barreiras de acesso à tecnologia, que dificultam a inclusão ampla e equitativa.
“Estas barreiras precisam ser superadas para que, com o apoio das novas tecnologias, consigamos alcançar o crescimento económico inclusivo e melhorar a qualidade de vida de toda a nossa população”, acrescenta a responsável, sublinhando que a informação digital apresenta actualmente o imperativo da sociedade contemporânea e é uma condição indispensável para elevar a competitividade das empresas e criar oportunidades novas de emprego, melhoria da eficiência dos processos produtivos, democratização de acesso à informação e aos serviços e melhoria da qualidade de vida das pessoas.
A inclusão financeira é, de acordo com Marília Poças, um elemento central na redução das desigualdades, na promoção do crescimento económico e na criação de oportunidades para todos.
Entretanto, explica que qualquer estratégia de inclusão financeira assente na transformação digital apenas será eficiente e rápida se alguns desses obstáculos forem ultrapassados.
“Por isso, é preciso garantir pressupostos fundamentais, tais como acesso, educação e confiança. Isso significa garantir que a tecnologia esteja ao alcance de todos, a população tenha as competências necessárias para usar essas ferramentas e as pessoas tenham confiança na segurança e na eficiência dos sistemas digitais”, esclarece.
Não obstante a taxa de assinantes da telefonia móvel em Angola se situar acima de alguns dos países da região, como afirma Marília Poças, a cobertura da rede móvel e da banda larga “está ainda muito aquém” da realidade dos demais países na região.
Por exemplo, a responsável diz que a cobertura da rede 5G é significativamente baixa, ficando atrás de países como Botswana, Quénia, Namíbia, Nigéria, República Democrática do Congo e África do Sul.
Quanto à rede 4G, continua, Angola supera apenas a RDC, permanecendo abaixo dos demais países. Apenas na rede 3G, a comunicação é forte, estando o País situado entre os melhores da região.
“Ao nível dos custos e regulamentação, percebemos que temos ainda algumas melhorias a introduzir, continuando a verificar-se, contudo, uma concentração e um monopólio dos provedores de serviços”, acrescenta a responsável, explicando que este panorama evidencia a necessidade urgente de investimentos robustos e políticas públicas eficientes para a expansão da infraestrutura digital, garantindo uma conectividade que possa atender às exigências do desenvolvimento sustentável e da transformação digital do mundo moderno.
“Nesse sentido, é importante destacar os esforços do Governo de Angola que tem liderado iniciativas relevantes para acelerar a transformação digital”, finaliza.
A VII Conferência E&M sobre Transformação Digital acontece na sequência do anúncio do Governo sobre a elaboração da Estratégia Nacional para a Inclusão Financeira, que se encontra em fase de consulta pública, devendo vir a ser apresentada no I Trimestre de 2025, para fazer valer os objectivos traçados em 2019, no “Livro Branco das Tecnologias de Informação e Comunicação”.