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Angola reporta quatro casos de sarampo a partir da fronteira do Luvo. Cólera na RDC reforça estado de alerta

Victória Maviluka
14/2/2024
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Foto:
DR

Médico Jeremias Agostinho aponta para insuficiência no acesso à água potável como um dos calcanhares de Aquiles na prevenção contra doenças como a cólera.

As autoridades sanitárias no município de Mbanza-Congo, província do Zaire, reportaram, esta semana, quatro casos de sarampo, registados a partir do Luvo, na fronteira com a República Democrática do Congo (RDC), país que regista surtos de sarampo e cólera.

Os quatro novos casos de sarampo diagnosticados no Zaire juntam-se, assim, aos 54 outros registos da doença reportados entre Janeiro e Dezembro de 2023 naquela província do Norte de Angola.

Além do plano de contingência há muito em curso para travar a propagação do sarampo em Angola, as autoridades sanitárias no País colocaram em marcha, igualmente, um plano de prevenção contra o surto de cólera, que assola muitos dos países do Sul de África.

Não obstante a fronteira que partilha com países como a RDC e a Zâmbia (com a primeira, partilha uma extensa fronteira), Estados que estão a braços com surto de cólera, Angola não registou oficialmente qualquer caso da doença, mantendo-se, por conseguinte, o seu alerta no ‘Nível 2’, antecedente do ‘Nível 3’, accionado em caso de registo da doença.

Acesso à água potável, um dos calcanhares de Aquiles, alerta especialista

O médico Jeremias Agostinho mostra-se ‘descansado’ quanto à capacidade do País de responder a casos de cólera, mas mostra-se céptico quando o assunto é prevenção.

“O nosso País já tem uma larga experiência de combate à cólera. O plano de contingência contra a doença foi bem elaborado e está a ser bem executado pelo Ministério da Saúde. Entretanto, um dos nossos calcanhares de Aquiles tem que ver com o acesso à água potável”, afirmou.

Em declarações à revista Economia & Mercado, o especialista em Saúde Pública recorda que, nas províncias fronteiriças com a RDC, como o Zaire, a Lunda-Norte e a Lunda-Sul, há ainda população a consumir água dos rios e de cacimbas, o que coloca o País vulnerável à cólera.

À guisa de crítica, Jeremias Agostinho aponta, também, para uma “fraca” sensibilização contra a doença: “Sinto que temos feito muito pouco sobre a sensibilização contra a cólera. É necessário fazer chegar a educação preventiva contra a doença às comunidades, através da media, igrejas e outras organizações de massas”.

Além do consumo de água tratada, são factores de prevenção contra a cólera a lavagem frequente das mãos e dos alimentos.