O Presidente da República, João Lourenço, destacou, neste sábado, 17, em Adis Abeba, capital da Etiópia, na Cimeira dos Chefes de Estado e de Governo da União Africana (UA), a necessidade de o continente vencer os problemas de instabilidade e insegurança se quiser dar passos sólidos rumo ao desenvolvimento económico dos seus países e povos.
“Se não formos capazes de resolver as questões da paz e segurança em África, muito dificilmente conseguiremos solucionar os problemas que se prendem com o progresso e o desenvolvimento económico e social do nosso continente”, alertou João Lourenço.
Usando do mandato de ‘Campeão da União Africana para a Paz e Reconciliação em África’, estatuto a si atribuído pela cúpula da UA, o estadista angolano sublinhou as agendas por que percorreu para garantir estabilidade em países africanos a braços com conflitos armados.
“Dediquei esforços na coordenação e colaboração de várias iniciativas sub-regionais, regionais e ao nível do continente, com vista a contribuir para a prevenção, gestão e resolução pacífica dos conflitos prevalecentes particularmente na Região dos Grandes Lagos, onde persiste a tensão entre a República Democrática do Congo (RDC) e o Ruanda, o conflito na RCA, no Sudão e no Sudão do Sul”, descreveu.
Em relação ao conflito no Leste da RDC, João Lourenço recordou que, no âmbito das Mini-Cimeiras sob sua iniciativa e de outros esforços para aproximar os dois países ao diálogo, foram colocadas sobre a mesa de negociações aspectos importantes, como a cessação das hostilidades e o acantonamento e desarmamento do M-23.
“Não obstante tudo isso, constatamos o agravamento da situação no Leste da RDC, com a tentativa de ocupação por parte do M-23 de novas áreas naquela região, em violação clara ao que foi estabelecido nos processos (...), destruindo todos os esforços e iniciativas desenvolvidas nos últimos anos”, lamentou o Presidente angolano.
Por este facto, observou, Angola tomou a iniciativa de realizar nesta sexta-feira, 16, em Adis Abeba, uma Mini-Cimeira - João Lourenço reuniu-se com Félix Tshisekedi e Paul Kagame, respectivamente, Presidentes da RDC e do Ruanda-, com o objectivo de se relançar as bases para o restabelecimento dos compromissos assumidos anteriormente.
E a retirada gradual da missão regional de Cabo Delgado…
Em relação a Moçambique, João Lourenço mostrou-se mais animado no seu discurso, destacando o “progresso assinalável” no combate ao terrorismo e ao extremismo violento na província do Cabo Delgado, no Norte do país, e o esforço concertado dos países da SADC, com o desdobramento de uma missão regional (...), no terreno desde 2021.
“Tendo em conta os bons resultados obtidos, a Missão está a preparar-se para a sua retirada gradual, enquanto decorre um processo de formação, treinamento e reforço da capacidade combativa dos efectivos das forças de defesa e segurança moçambicanas”, avançou João Lourenço.
Angola vê portas da presidência da UA semi-abertas
Neste sábado, 17, na Cimeira dos Chefes de Estados da União Africana (UA) que decorre em Adis Abeba, Angola foi eleita Primeira Vice-Presidente de Mesa da organização, facto que abre caminho para o país assumir a liderança rotativa da organização, a partir de 2025.