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Escolas e Administrações encerradas, hospitais labutam a ‘meio-gás’ e empresas públicas longe da greve

Victória Maviluka
20/3/2024
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Foto:
DR

Centrais Sindicais prometem duas outras paralisações em Abril e Junho deste ano, caso não haja resposta satisfatória às reivindicações dos trabalhadores.

Escolas vazias, Administrações Municipais e Distritais sem o habitual movimento de vai-e-vem de cidadãos. Eis alguns dos cenários que atestam a adesão à greve na função pública, iniciada nesta quarta-feira, 20, por iniciativa das Centrais Sindicais, que reclamam, entre outros pontos, o aumento do salário mínimo nacional.

No primeiro de três dias previstos para esta ronda inicial de greve na função pública, a reportagem da revista Economia & Mercado deparou-se com muitos cidadãos que se viram defraudados na procura de alguns serviços públicos.

“Sai do Belo Monte, gastei dinheiro no táxi, e, quando aqui cheguei, o guarda disse-me que está tudo fechado. Estão em greve”, contou, desapontado, um cidadão, que pretendia levantar o seu Bilhete de Identidade na Repartição de Identificação Civil e Criminal da Administração de Cacuaco.

Ainda naquele município do litoral Norte da capital do País, a E&M falou com Manuel, professor do Liceu 4.083, que se deslocou ao estabelecimento por pura curiosidade sobre o impacto da greve.

“Vim para aqui constatar se houve mesmo greve. Como vês, não há aqui um aluno sequer. Está duro!”, descreveu o professor.

Na sede da Administração do Distrito Urbano do Sambizanga, município de Luanda, vários cidadãos viram-se, igualmente, impedidos de tratar de vários documentos, por conta da greve.

“Não estamos a trabalhar. Só voltaremos na segunda-feira”, atirou um funcionário a partir do interior daquela instituição pública, dirigindo-se a um grupo de seis cidadãos.

No dia que marcou o início da greve interpolada na função pública, em muitos pontos de Luanda, observou-se pouca circulação de táxi, sem que isso traduzisse, no entanto, enchentes anormais nas paragens.

Quanto ao patrulhamento policial, as principais avenidas de Luanda não registaram um movimento fora do comum, mantendo-se a cobertura policial habitual.

Contrariamente às escolas públicas e às Administrações, os hospitais visitados pela nossa reportagem encontravam-se a funcionar a ‘meio gás’, face à redução da força de trabalho.

Em muitos estabelecimentos sanitários, as direcções optaram por elaborar escalas. 

“Estou a trabalhar hoje, mas, amanhã e na sexta-feira, tenho folga. Foi assim que a nossa direcção programou estes dias de greve”, relatou um técnico do Instituto Nacional de Oftalmologia de Angola (IONA).

Não obstante fazerem parte do regime público, as empresas estatais visitadas pela reportagem da E&M funcionaram na manhã desta quarta-feira, 20, com o máximo da sua força de trabalho, sendo disso exemplo a Empresa Nacional de Distribuição de Electricidade (ENDE) e o Banco de Poupança e Crédito (BPC).

“As Centrais Sindicais focaram-se na administração pública. Não integraram as empresas do Estado neste movimento sindical, razão pela qual estamos aqui a trabalhar normalmente, não obstante muitos de nós estarmos solidários com a causa dos sindicalistas”, disse a jovem Yola, funcionária da ENDE.

Após o fim da actual paralisação, prevista para esta sexta-feira, 22, as Centrais Sindicais programaram para 22 a 30 de Abril a segunda fase das reivindicações. E caso não se encontre um consenso, uma nova greve está marcada para Junho próximo.

Os sindicalistas batem-se pelo aumento do salário mínimo nacional de 32.181,15 Kwanzas para 245 mil Kz, nos termos do caderno reivindicativo apresentado, o ano passado, ao Executivo angolano.

Entretanto, durante as negociações com a entidade empregadora, as Centrais Sindicais admitiram uma redução da proposta inicial para cerca de 100 mil Kz e reconsideraram, também, a proposta de redução do IRT de 10% para 15%. 

Entretanto, o Executivo alegou não ter condições de tesouraria para satisfazer tais exigências, descrevendo a proposta de salário mínimo nacional apresentada pelos trabalhadores como atentatória à sobrevivência das empresas.