Entrámos em 2021... É ano novo. Mas, ao contrário dos anos anteriores, criaram-se menos expectativas em relação ao que o futuro nos reserva, considerando que, em 2020, deixámos de estar numa crise económica e financeira, devido à velha desculpa da baixa do preço do petróleo no mercado internacional – que provocou a escassez de divisas e, por conseguinte, a redução da nossa capacidade de importação de bens e serviços, isto porque decidimos ser meramente importadores, apesar do forte potencial agrícola e do bom histórico da indústria de transformação. Em 2020, com a Covid-19, passámos a gravitar numa crise multidimensional, cujos sintomas ao nível social são graves, como reconheceu o Presidente da República, João Lourenço, no discurso de dia 31 de Dezembro. “Este ano não foi bom, não foi generoso para com ninguém; foi um ano de muito sofrimento, que prejudicou a vida familiar e profissional de todos sem excepção, que prejudicou as economias de todos os países, trouxe a dor e o luto a milhares de famílias pelo mundo fora. Por isso, gostaríamos imenso que não fosse apenas o ano de 2020 a ficar para trás, mas que a pandemia a ele associada, a Covid-19, também passasse, a partir de hoje, a pertencer ao passado”.
Infelizmente, o contexto mundial vivido em 2020 arrastar-se-á por mais tempo, apesar dos avanços alcançados ao nível da cura para a Covid-19, e os impactos sócio-económicos permanecerão, dependendo da preparação de cada país e respectiva economia. Para o nosso caso, o Grupo Banco Mundial e o PNUD, no relatório “Confrontar as Consequências Sócio-económicas da Covid-19 em Angola”, afirmam que “a pandemia em si é provável que seja um choque temporário, mas os baixos preços do petróleo podem durar mais tempo, com efeitos permanentes para o país”, considerando a ainda forte dependência das receitas petrolíferas no PIB angolano.
Ainda temos o ano inteiro pela frente. Tratando-se de um período de renovação de esperanças, avaliação do que se fez e (re)definição do que deve ser feito para superar as dificuldades, é necessário que não nos esqueçamos das várias lições aprendidas – ou que ainda devem ser aprendidas –, depois do que nos aconteceu em 2020 e em anos anteriores, mas decidimos ignorar e refugiar-nos numa riqueza volátil e muito mal distribuída, que dá a percepção de ter produzido mais pobres do que a guerra civil.
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Lessons for life
We entered 2021... It’s a new year. But, unlike previous years, there were fewer expectations about what the future holds for us, considering that, in 2020, we were no longer in an economic and financial crisis, long excused by the plunge in oil prices in the international market, which caused the scarcity of foreign exchange and, as a result, a reduction of our capacity to import goods and services, because we decided to be merely importers, despite the strong agricultural potential and good record of our manufacturing industry in other times. In 2020, with Covid-19, we began to gravitate towards a multidimensional crisis, whose symptoms at the social level are serious, as the President of the Republic, João Lourenço, acknowledged in his speech on December 31st. “This year has neither been good nor generous to anyone; it has been a year of much suffering, affecting the family and professional lives of everyone without exception, harming the economies of all countries, bringing pain and grief to thousands of families around the world. That’s why we would love if it wasn’t only the year 2020 that we left behind, but also if the pandemic that marked it, Covid-19, were to become a thing of the past.
Unfortunately, the global context experienced in 2020 will drag on for longer, despite the progress made in finding a cure for Covid-19. The socio-economic impacts will remain, depending on the preparation of each country and economy. In our case, the World Bank Group and the UNDP, in their report “Confronting the Socio-economic Consequences of Covid-19 in Angola”, state that “the pandemic itself is likely to be a temporary shock, but low oil prices may last longer, with permanent effects for the country”, considering the still strong dependence of Angola’s GDP on oil revenues.
We still have the whole year ahead. This being a period of renewed hope, it is necessary to assess what has been done and (re)define what must be done to overcome the difficulties, and we must not forget the various lessons learned - or yet to be learned - after what happened to us in 2020 and in previous years, but decided to ignore and take refuge in a volatile and very poorly distributed wealth, which gives the perception of having produced more poor persons than the civil war.