Foi, recentemente, prelectora da III edição 2024 do Business and Breakfast, de iniciativa da revista E&M e consultora TIS. Pode resumir o que abordou na sua intervenção sobre ‘Automação de Processos – Impactos da Adopção na Administração Pública e Privada’?
Falámos de modernização de gestão, de uma forma geral. Mas, principalmente, essa modernização por meio de ganho de eficiência, através de automação de processos. Usar a tecnologia de uma forma eficiente, de uma forma inteligente, para que a empresa melhore a forma de fazer as coisas, o seu dia-a-dia. E, nesse sentido, a gente tem o lado público, da administração pública, e o lado privado, que não devem caminhar separados.
De que forma os dois segmentos andariam juntos neste desafio da automação de processos?
No meio de toda essa transformação digital que vivemos, o alinhamento entre o público e o privado é fundamental. Porque o utente é único, o cliente é único. Temos os mesmos desafios estruturais, o público e o privado. E sem dúvida que o caminho da modernização da gestão é esse alinhamento.
Como olha para a realidade da automação dos serviços em Angola, fundamentalmente dos serviços públicos?
Angola está a caminhar para esse alinhamento. É como eu falo: é uma jornada, ela tem início, tem meio e não tem fim. Angola, sim, começou, temos o exemplo do Simplifica, que veio com esse objectivo de facilitar a vida do cidadão, de desburocratizar. Temos órgãos que estavam aqui presentes [no evento], como a PGR, que estão a iniciar também o processo de automação. [A PGR] já tem processos judiciais automatizados, mas está a automatizar outros processos. Vimos casos da banca também. Ou seja, isso é uma amostra do que está a acontecer em Angola.
Sente que este percurso está a ser feito à altura dos desafios, das expectativas dos cidadãos e dos clientes?
Talvez a gente gostasse que fosse numa velocidade maior, num volume maior, mas o facto é que sim, estamos nesse processo de mudança, de despertar para essa melhoria da eficiência, da gestão, de ser mais competitivo, ser menos burocrático, ser mais ágil, ser mais digital.
Falou-se muito aqui do Brasil. Qual é a experiência do Brasil e como Angola pode aproveitá-la?
O Brasil é um país totalmente intercontinental, Angola também o é. A gente costuma dizer que temos vários Brasis dentro de um Brasil, porque cada região tem especificidades, tem peculiaridades culturais, económicas, realidades sociais distintas. Então, tudo isso dificulta um país intercontinental. Nós ainda temos desafios voltados para a conectividade em zonas mais remotas. Angola também os tem, ou seja, tem similaridades. Mas, talvez, [no Brasil,] tivéssemos começado esse processo há mais tempo. E acho que Angola pode aprender a não cair nos mesmos erros, a como enfrentar determinados desafios que o Brasil enfrentou, para que possa superar mais rápido, ganhar velocidade nessa mudança e fazer benchmark como está a fazer.