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Natalidade e pobreza infantil

Sebastião Vemba
19/1/2025
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Foto:
Carlos Aguiar

Não haja dúvidas de que, em certo momento, será necessário romper as barreiras culturais e conduzir o debate sobre a natalidade no continente.

Até 2050, a população na África deverá duplicar, passando de 1,3 bilião para 2,5 biliões, de acordo com estudos internacionais. No continente, a procriação ainda é vista como uma espécie de fonte de riqueza ou seguro para velhice para os pais. Entretanto, a disparidade entre a elevada taxa de natalidade e o baixo crescimento da economia dos países africanos, como é o caso de Angola, tem resultado num aumento dos índices de pobreza. 

De acordo com um artigo conjunto do Banco Mundial e da UNICEF (Fundo das Nações Unidas para Infância), a pobreza infantil continua a ser mais prevalente na África Subsaariana, que foi responsável por mais de 70% das crianças do mundo em extrema pobreza em 2022. A análise concluiu que, nessa sub-região do continente africano, a parcela de crianças que viviam com menos de 2,15 dólares por dia em 2022 era de 40%, quatro vezes maior do que no Sul da Ásia, que abriga o segundo maior número de crianças em lares extremamente pobres. 

Ao nível global, a percentagem de crianças em pobreza extrema na África Subsaariana passou 55% em 2013 para 71% em 2022, ao passo que outras regiões do mundo registaram melhorias na última década. Por exemplo, a parcela de crianças em extrema pobreza no Sul da Ásia diminuiu de 22% para 10% entre 2013 e 2022, enquanto a taxa de pobreza infantil caiu apenas de 45% para 40% na África Subsaariana. 

Em termos práticos, os elevados níveis de pobreza em África traduzem-se na carência de serviços básicos, como educação e assistência sanitária, o que justifica, de alguma forma, os elevados níveis de mortalidade infantil na região da África Subsariana, responsável pela maioria das 4,9 milhões de mortes de crianças com menos de cinco anos em 2022. Em comparação com 2015, altura em que se estimava que oito crianças com menos de cinco anos morriam na região, a cada um minuto, houve melhorias, porém, os resultados não nos devem deixar descansados. Além de políticas de combate à pobreza (no geral), não haja dúvidas de que, em certo momento, será necessário romper as barreiras culturais e conduzir o debate sobre a natalidade no continente a uma perspectiva mais económica e de desenvolvimento sustentável, começando pela formação dos jovens, os futuros pais e mães, que deverão compreender que, quanto menos filhos tiverem, menor será o esforço para conferir-lhes qualidade de vida.