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Parceria Angola-EUA: Do Corredor do Lobito aos financiamentos à agricultura e assistência militar

Sebastião Vemba
10/12/2024
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Foto:
DR

Em quatro anos, os Estados Unidos da América aumentaram a assistência militar a Angola, fornecendo mais de 18 milhões de dólares de 2020 a 2023.

Angola e os Estados Unidos da América intensificaram as relações comerciais e políticas, com uma série de acordos assumidos por altos responsáveis dos dois países, que mantiveram encontros em vários momentos, no último ano, que culminaram, na semana passada, com a visita do Chefe de Estado norte-americano, Joe Biden, a Luanda.

O Corredor do Lobito está no centro das atenções dos investimentos norte-americanos em Angola. No entanto, a parceira entre os dois países abrange áreas como o combate à seca, no âmbito do qual a Agência dos Estados Unidos para o Desenvolvimento Internacional (USAID) disponibilizou, em 2022 e 2023, 13,3 milhões de dólares em assistência de emergência a três províncias do sul de Angola afectadas pela seca de 2022, nomeadamente Cunene, Huíla e Namibe. O programa rastreou mais de 500.000 crianças para desnutrição aguda e tratou 121.000 para desnutrição moderada a grave, lê-se na “Ficha Informativa: A Parceria EUA – Angola” produzida pela Embaixada dos Estados Unidos em Angola e São Tomé e Príncipe.

De acordo com o mesmo documento, “através de um projecto de 5 milhões de dólares do Fundo de Acção para a Igualdade e Igualdade de Género, a USAID apoiará o desenvolvimento agrícola ao longo do Corredor do Lobito, centrando-se na ligação das mulheres pequenas agricultoras às cadeias de valor que utilizarão a linha ferroviária como uma componente crítica da sustentabilidade do projecto do Corredor”. 

No domínio da ‘Paz e Segurança’, a Ficha Informativa sobre a parceria entre os dois países destaca que “os EUA aumentaram significativamente a assistência militar a Angola nos últimos quatro anos, fornecendo mais de 18 milhões de dólares de 2020 a 2023”, sendo que a visita do Secretário de Defesa dos Estados Unidos da América, Lloyd Austin, em Setembro do ano passado, “lançou a criação de um diálogo conjunto de defesa de alto nível, previsto para o início de 2024. Os líderes identificaram o potencial de envolvimento futuro em várias áreas, incluindo o desenvolvimento de capacidades para a segurança marítima, o espaço e a ciberdefesa”, lê-se.

“Compromissos de Alto Nível” 

Recorde-se que, desde a Cimeira de Líderes EUA-África, em Dezembro de 2022, para além do Secretário de Defesa dos EUA, Lloyd Austin, em 2023 houve outros encontros de alto nível entre gestores públicos dos dois países. “A Administradora da Agência dos EUA para o Desenvolvimento Internacional (USAID), Samantha Power, o CEO da Corporação Internacional de Financiamento do Desenvolvimento (DFC) dos EUA, Scott Nathan, e o Assistente Adjunto do Presidente, Amos Hochstein, envolveram a liderança angolana em Setembro de 2023 na segurança alimentar e no potencial transformacional do Corredor do Lobito de Angola, parte da emblemática Parceria para Infra-estruturas e Investimentos Globais (PGI) do Presidente Biden”, reporta a Embaixada dos Estados Unidos em Angola e São Tomé e Príncipe na Ficha Informativa da Parceria EUA-Angola.

Ainda no ano passado, visitou Angola a presidente do Banco de Exportação e Importação (EXIM) dos EUA, Reta Jo Lewis, na sequência da aprovação pelo Conselho daquela instituição de um financiamento de 900 milhões de dólares para o projecto de energia solar que está a ser desenvolvido pela Sun Africa. 

Já em Fevereiro deste ano, o Secretário de Estado dos EUA, Antony Blinken, foi recebido, em Luanda, pelo Presidente angolano, João Lourenço. Entretanto, no ano passado, Blinken recebeu o ministro das Relações Exteriores de Angola, Tete António, convidado no âmbito do lançamento da Parceria para a Cooperação Atlântica, na qual Angola tem desempenhado um papel de liderança. Ainda em 2023, o Secretário dos Transportes dos EUA, Pete Buttigieg, recebeu o ministro dos Transportes de Angola, Ricardo Viegas D’Abreu, em Washington, D.C., para rubricar um Acordo bilateral de Céus Abertos, facilitando o aumento da conectividade aérea entre os Estados Unidos e Angola, do que se espera “novas oportunidades significativas para o comércio, turismo e investimento”. 

Acresça-se ainda que, em Novembro de 2023, Angola e os EUA assinaram os Acordos Artemis, que promovem uma visão comum da exploração espacial para o benefício de toda a humanidade.

Há uma semana, aconteceu o momento mais alto das três décadas de relações entre Angola e os Estados Unidos da América, com a primeira visita a Luanda de um Chefe de Estado norte-americano. Joe Biden chegou a Angola no dia 2 de Dezembro e deixou o país a 4, após reunião com o Presidente João Lourenço, na Cidade Alta; visita ao Museu da Escravatura; e viagem a Benguela, constatar o projecto do Corredor do Lobito, que conta com financiamento norte-americano.